WikiLeaks acusa USAID de pressionar governos sob pretexto de combater desinformação
Em uma revelação que ecoa preocupações globais sobre liberdade de expressão, o WikiLeaks acusou a USAID de pressionar governos a implementarem regulamentações sob o pretexto de combater a desinformação. Essa denúncia levanta questões sobre os limites entre a luta contra notícias falsas e a censura governamental.
WikiLeaks e a denúncia contra a USAID
O WikiLeaks, plataforma conhecida por divulgar documentos confidenciais, afirmou que a USAID, em parceria com a organização Internews, estaria promovendo políticas que incluem a “desplataforma”, exclusão de postagens, processos judiciais e regulamentações globais para suprimir narrativas consideradas desinformativas. Essas ações seriam justificadas como medidas para combater a desinformação, mas podem representar uma forma de censura velada.
Internews: parceira ou intermediária?
A Internews, uma ONG que atua em mais de 30 países, recebeu desde 2008 aproximadamente US$ 475,7 milhões do governo dos EUA, sendo 87,8% desse montante provenientes da USAID. A organização afirma trabalhar para fortalecer a mídia independente e combater a desinformação. No entanto, críticos apontam que sua atuação pode servir aos interesses de censura disfarçada de combate à desinformação.
O documento controverso
Um documento de 2024 da USAID/Internews delineia estratégias para reduzir a produção e o alcance de informações prejudiciais. As intervenções propostas incluem monitoramento, investigação, documentação de conteúdo enganoso, defesa de abordagens regulatórias e políticas, colaboração com plataformas digitais para limitar o alcance de agentes mal-intencionados e desplatformização de atores e conteúdos de desinformação. Embora apresentadas como medidas para proteger o ecossistema informacional, essas ações podem ser interpretadas como tentativas de controle sobre a liberdade de expressão.
Repercussões e debates
A denúncia do WikiLeaks intensifica o debate sobre o equilíbrio entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão. Enquanto a disseminação de notícias falsas é uma preocupação legítima, as estratégias para enfrentá-la não devem comprometer direitos fundamentais. A transparência nas ações de organizações como a USAID e a Internews é essencial para garantir que medidas contra a desinformação não se transformem em ferramentas de censura.
A acusação do WikiLeaks contra a USAID e a Internews destaca a delicada linha entre combater a desinformação e impor censura. É fundamental que governos e organizações mantenham a transparência e assegurem que suas ações não infrinjam a liberdade de expressão. O público deve permanecer vigilante e engajado nesse debate, garantindo que medidas contra a desinformação sejam equilibradas e justas.
Convidamos nossos leitores a compartilharem suas opiniões nos comentários e a disseminarem este artigo para ampliar a discussão sobre os limites entre combate à desinformação e censura.
Julian Assenge é o rosto público do WikiLeaks
O principal líder e fundador do WikiLeaks é Julian Assange, um jornalista e ativista australiano. Ele criou a organização em 2006 com o objetivo de divulgar documentos sigilosos de governos e corporações, expondo casos de corrupção, espionagem e abusos de direitos humanos.
Assange ganhou notoriedade global em 2010, quando o WikiLeaks publicou documentos confidenciais dos Estados Unidos sobre as guerras no Afeganistão e Iraque, além de comunicações diplomáticas vazadas por Chelsea Manning, ex-analista de inteligência do Exército dos EUA.
Desde então, ele enfrentou uma intensa batalha jurídica, permanecendo asilado na Embaixada do Equador em Londres entre 2012 e 2019. Em abril de 2019, foi preso no Reino Unido e, após anos de resistência contra sua extradição para os Estados Unidos, onde respondia a acusações sob a Lei de Espionagem, acabou sendo libertado. Caso fosse condenado, poderia enfrentar uma pena superior a 170 anos de prisão.
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Publicação de: Blog do Esmael