Tributo do Observatório do Fascismo do RJ a Adriana Dias: Guerreira da humanidade
Nota de pesar do Observatório do Fascismo do RJ
Tributo a Adriana Dias, guerreira da humanidade
Imprescindível, como aquelas e aqueles militantes cuja práxis inspirou Brecht em célebre poema.
Adriana Dias, judia e digna guerreira da humanidade, vai fazer muita falta.
Sua coragem desmesurada, sua abnegação, sua excelência acadêmica.
Todas completamente voltadas à mais elevada causa humanitária, que não debate com a extrema direita de nosso país, mas que a combate visando ao seu abate.
Quanta falta esta lutadora há de fazer!
Coube a Adriana também, como parte do combate contra o neonazismo, a luta pela acessibilidade e contra o capacitismo, o respeito às diferenças e aos diferentes, não aceitando o preconceito imposto pela ideologia nazi ao “incapaz” e “inferior”.
Ironia da vida dois fatos lancinantes terem se cruzado neste pungente fim de semana.
Dia 28, tomamos conhecimento da gravíssima prevaricação de policiais civis no Rio. Não fizeram a prisão em flagrante do skinhead cheio de tatuagens nazis e o deixaram sair alegremente.
E, como não bastasse, ainda houve provocação do inspetor ao estudante que denunciou o meliante nazista e exigiu o cumprimento da Lei 9.459/97, que proíbe apologia ao nazismo. A ocorrência deve ser cobrada ao governador Castro, o qual, se não demitir e punir seus servidores, deve ser acusado de cumplicidade.
Dia 29, veio a notícia dilacerante do falecimento da Adriana. Caiu como um raio em um céu que já anda para lá de carregado.
No Observatório do Fascismo do RJ, fundado em meados de 2018, já antevendo que o ideário do presidente da República que seria eleito naquele ano era de natureza protofascista, discutíamos realizar uma live pública com ela.
A ideia era chamá-la para debater com outro imprescindível: o policial antifascista Leonel Radde.
No entanto, o correr da luta nos levou a protelar o ansiado encontro que reuniria esse duo notável de combatentes. Em outro momento, honraremos a companheira Adriana, pra sempre presente, convidando Radde para uma live.
Uma live que será da hora para esclarecer muitas coisas. Entre elas, que o Brasil, a despeito de ser um país largamente
miscigenado, pode ser alvo de aventuras nazifascistas sim.
As pesquisas da Adriana denunciando as antigas ligações do capitão fujão com grupos neonazis; seus laços com o “Professor Marco Antônio”, um clone de Hitler, no Rio; seu sorridente encontro com o casal Storch da AfD alemã em Brasília; as recentes marchas neonazis em Santa Catarina em seu apoio.
Tudo isso demonstra que o luto na luta antinazi deve se converter em tributo: no tributo de oferecer à guerreira do povo brasileiro, Adriana Dias, a continuação da sua epopeia de combate perene contra o Ur-Fascismo*.
Sigamos na vida e na luta!
*Ur-Fascismo – Fascismo Eterno, na definição de Umberto Eco, proferida em célebre conferência em 1995, na Universidade de Columbia, nos EUA. A transcrição dela está disponível aqui
Leia também:
Roberto Amaral: Centenário de Jacob Gorender; existência dedicada à libertação do nosso povo
Publicação de: Viomundo