STF acelera reparos no Plenário por volta aos trabalhos

 

Depois dos ataques de 8 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) corre para reconstruir o plenário até 1º de fevereiro — data que marca o fim do recesso do Judiciário e quando acontece a sessão de abertura do ano. O prédio principal do STF foi o mais destruído pelos golpistas. No Congresso, apesar dos estragos, já há um ar de normalidade para quem circula entre o tapete verde, da Câmara dos Deputados, e o azul, do Senado. No Palácio do Planalto, as obras para colocar o local em ordem têm ocorrido em meio ao expediente quase normal dos integrantes do novo governo.

Somados, os prejuízos deixados pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro já ultrapassam os R$ 18,5 milhões. E esse valor vai aumentar. Os danos ao STF foram estimados inicialmente em R$ 5,9 milhões, mas ainda estão sendo contabilizados. Autoridades dos diferentes Poderes têm conversado para alinhar as estratégias de reconstrução. Um das ideias é criar espaços dedicados à memória dos ataques, para que esse episódio jamais seja esquecido. Logo após os atentados, a presidente da Corte, ministra Rosa Weber, instituiu um gabinete extraordinário para acompanhar as reformas. O cronograma estabelecido prevê ações de curto, médio e longo prazo.

Neste primeiro momento, há um esforço concentrado para reconstruir o andar térreo do edifício-sede, onde fica plenário. Quando essa etapa for concluída, o foco será ajeitar os outros dois andares do prédio, o que inclui o gabinete da presidência. Outras medidas, no entanto, demandarão mais tempo, como colocar vidro blindado nas janelas. A ideia já foi aventada em outros momentos, mas, por se tratar de um prédio histórico, depende da autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A expectativa é que, desta vez, o aval seja dado de forma mais célere. As cadeiras onde sentam os 11 integrantes da Corte foram arremessadas para fora do edifício. De couro e estrutura reforçada, todas devem ser reaproveitadas – depois de passarem por um processo de limpeza. O crucifixo e o brasão da República, ambos arrancados pelos golpistas, já foram recolocados no lugar. Uma réplica da Constituição que foi roubada no dia dos atos foi devolvida ao Supremo após ser localizada na cidade de Varginha, em Minas Gerais.

Quando a equipe de limpeza começou os trabalhos se deparou com estruturas queimadas, carpetes molhados e muita poeira. Mas, ao contrário do que sugeria um vídeo que viralizou nas redes sociais, não foram encontradas fezes no STF. Urina, sim. Em muitos lugares. Os vândalos, inclusive, fizeram xixi em computadores. De um total de 163 peças destruídas ou danificadas, há 35 que não poderão ser recuperadas, como vasos chineses, espelhos e objetos de cerâmica.

Para o gerente de preservação e restauração do STF, Marcos Antonio de Faria, o valor das perdas é “inestimável”. “Esses objetos têm valor histórico. Não há como precificar esse prejuízo”, afirmou. A destruição e a subtração desse tipo de patrimônio levantou um debate sobre a necessidade de proteger esses bens, que atualmente não são tombados pelo Iphan. Essa teria sido uma preocupação externada pela primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. A percepção é que, antes do governo Bolsonaro, havia um consenso no país sobre a necessidade de se preservar bens de valor histórico, o que mudou com a ascensão dos extremistas.

No Planalto, duas obras demandam atenção especial: o quadro “As mulatas”, do pintor Di Cavalcanti, e o relógio que Dom João VI trouxe ao Brasil em 1808. Segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass, o cenário para o primeiro é otimista, mas talvez seja necessária ajuda internacional para reparar o segundo. (Colaboraram Marcelo Ribeiro e Andrea Jubé)

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