São Paulo terá secretário de segurança denunciado por racismo institucional na ONU
O prefeito de São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB), anunciou Orlando Morando (sem partido) como secretário de Segurança Pública. Morando já foi denunciado por racismo institucional ao Fórum Permanente sobre Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas (ONU) pela Uneafro.
O novo nome da gestão paulistana deixa a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) nesta semana, depois de ter passado oito anos à frente da cidade do ABC Paulista. Ao Brasil de Fato, a Uneafro manifestou “profundo repúdio” à nomeação.
Na ação, o grupo acusa o prefeito de São Bernardo de desmontar “serviços públicos que atendem à população negra”, citando, por exemplo, o despejo do Projeto Meninos e Meninas de Rua, iniciativa social que atendia crianças e adolescentes em situação de rua e vulnerabilidade social.
Além disso, a Uneafro acusa o prefeito de tirar aulas de capoeira das escolas, não dar condições de exercer a lei que determina a qualificação dos professores para ensino de história africana e indígena, e perseguir manifestações culturais nas ruas, como a Batalha da Matrix, atividade cultural que ocorria semanalmente no centro de São Bernardo do Campo.
“A Uneafro entende que o Orlando Morando não reúne nem prerrogativas técnicas, muito menos políticas para estar à frente da Secretaria de Segurança Urbana”, afirmou Débora Dias, coordenadora Uneafro ao Brasil de Fato.
Após a ação na ONU, o prefeito entrou com uma queixa-crime contra dois membros da Uneafro acusando a dupla de calúnia e difamação. No entanto, Morando perdeu o processo em duas instâncias, sendo a segunda decisão proferida no final de novembro.
“O tema da segurança pública demanda gestores públicos técnicos/políticos, isto é, que dominem as complexidades das dinâmicas próprias deste campo de trabalho em uma sociedade que superou apenas juridicamente o modo de produção escravista e, por isso, para além de um cotidiano violento é demarcada profundamente por desigualdades raciais, de gênero, de classe”, argumenta Dias.
Em dezembro, o prefeito anunciou sua saída do PSDB, após 20 anos vinculado à sigla. Pelas redes sociais, Morando exaltou seu descontentamento
“[O PSDB] perdeu o diálogo com a sociedade, não faz um congresso há anos, ficou obsoleto na opinião pública. Não é o partido democrático criado por Franco Montoro, Mário Covas e FHC. Se distanciou das bases”.
Como já estava exercendo seu segundo mandato, nas eleições deste ano Morando lançou uma candidata como sua sucessora, no caso Flávia Morando, sua sobrinha.
A candidata terminou em quarto as eleições, que tiveram segundo turno entre Marcelo Lima (Podemos), que foi eleito com 55% dos votos, e Alex Manente (Cidadania), que somou 44%.
As prefeituras de São Bernardo de Campo (SP) e São Paulo (SP) foram procuradas e caso se posicionam a reportagem será atualizada.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog