Putin está aberto a dialogar com Trump, afirma porta-voz russo
Enquanto o mundo observa a escalada militar na Ucrânia, um novo capítulo geopolítico se desenha entre Washington e Moscou. Nesta sexta-feira (24), o Kremlin afirmou que Vladimir Putin está pronto para dialogar com Donald Trump, mas rejeitou a ligação entre o preço do petróleo e o fim do conflito, proposta pelo americano em Davos.
Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, foi incisivo: a guerra não é sobre petróleo, mas sobre a percepção russa de ameaça à segurança nacional. A expansão da OTAN para o leste e o tratamento dado à população russófona no Donbás são apontados como causas centrais . “O Ocidente ignorou nossas preocupações por anos”, destacou Peskov, reforçando a narrativa de que a Rússia age em legítima defesa.
Trump, em seu discurso no Fórum Econômico Mundial, defendeu que a queda nos preços do petróleo enfraqueceria o financiamento militar russo e aceleraria a paz. O Kremlin, porém, descartou a tese: “Isso é uma simplificação perigosa”.
Moscou pressiona por negociações urgentes sobre controle de armas atômicas, paralisadas desde o governo anterior dos EUA. O pedido inclui não só Rússia e Estados Unidos, mas também França e Reino Unido, cujos arsenais nucleares são vistos como parte do equilíbrio estratégico.
Trump sinalizou disposição para reduzir ogivas, mas mantém uma postura ambígua: enquanto ameaça sanções contra a Rússia, elogia sua relação pessoal com Putin. O último tratado nuclear bilateral, o Novo START, expira em 2026 — e o relógio geopolítico corre.
Kiev rejeita negociações diretas com Moscou sem participação europeia. Um decreto de 2022 proíbe Zelensky de dialogar com Putin, embora o líder ucraniano agora busque garantias de segurança ocidentais para considerar um cessar-fogo.
Enquanto isso, tropas russas avançam no leste da Ucrânia, e o Kremlin exige o reconhecimento da anexação de territórios — condição inaceitável para Kiev e aliados.
O conflito já deixou mais de um milhão de mortos e feridos, segundo estimativas . Enquanto Trump promete “acabar com a guerra ridícula”, famílias em Donetsk e Kiev enterram soldados e civis. A pressão por um acordo rápido esbarra em dilemas jurídicos: como congelar fronteiras sem legitimar anexações? Como garantir paz sem justiça?
Para ficar de olho
- Coreia do Norte: Seul alerta que Pyongyang pode enviar mais tropas à Rússia, em troca de tecnologia militar.
- China: Pequim observa silenciosamente, enquanto Trump insiste em incluí-la em futuros acordos nucleares.
Enquanto Davos vira pano de fundo para bravatas, a realidade nas trincheiras lembra que, em guerras, discursos não salvam vidas. A pergunta que fica: até quando o tabuleiro geopolítico ignorará o sangue derramado?
Publicação de: Blog do Esmael