Nelice Pompeu: Por que será que incomodamos tanto?

Por Nelice Pompeu*

Após um ano com muitos desafios, conseguimos alguns avanços.

Sabíamos que 2023 não seria fácil, após anos de retrocesso, pandemia, recessão, guerras pelo mundo, tragédias nas escolas. Mas resistimos!

No Brasil, o governo Lula conseguiu com muita dificuldade passar várias iniciativas importantes no Congresso Nacional dominado pelo “Centrão”, especialmente a reforma tributária que cria condições para que os ricos paguem mais impostos e os pobres entrem no orçamento, retomando algumas políticas públicas importantes.

Aqui, em São Paulo, resistimos aos bolsonaristas Tarcísio de Freitas (Republicanos), no governo do Estado, e Ricardo Nunes (MDB), na Prefeitura da capital.

Participamos de todos os atos convocados por centrais sindicais e sindicatos da categoria, pois a luta não se faz apenas por meio de cards nas redes sociais.

Por exemplo:

— Estivemos presentes na Revisão do Plano Municipal de Educação, levando contribuições e sugestões para avançarmos em várias pautas.

— Junto com o Coletivo Paulo Freire, levamos encantamento, afeto e conhecimento à avenida Paulista.

— denunciamos a inconstitucionalidade do PL nº 573/2021, que autoriza a implementação pelo Executivo do sistema de gestão compartilhada em escolas de ensino fundamental e médio da rede pública municipal em parceria com organizações da sociedade civil.

— Participamos amplamente da Campanha Salarial de 2023, lutando com sindicatos e coletivos contra o arrocho salarial que corrói o salário servidor público e o obriga a se endividar.

— Com a luta, conseguimos dar fim ao confisco do salário de servidores com doenças graves. Também manter o direito à remoção para os profissionais de educação o estágio probatório ingressantes até maio de 2023.

— Pressionamos e a Prefeitura publicou ato oficial que reduz a jornada de servidor responsável por pessoa da família com deficiência. O decreto ainda contém inconsistências. Portanto, lutaremos para revertê-las para que nenhum servidor seja prejudicado.

–Na companhia de outros coletivos, nos posicionamos contra a política de privatizações e terceirizações, que tem se aprofundado no município e no estado, precarizando os serviços públicos. Tanto que estivemos nos atos contra a venda da Sabesp.

— Acompanhamos também a luta pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM) e vibramos com ação do governo Lula de adiar a votação para março deste ano, pois assim temos tempo de tomar fôlego.

E não paramos por aí.

As questões relacionadas à saúde dos servidores também foram consideradas nas nossas lutas:

— Juntamente com mandatos parceiros, sindicatos e demais coletivos, realizamos reuniões com as secretarias da Saúde e de Gestão para tratar das perícias médicas, negativas das licenças, atendimento no Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) e não desconto do PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola) em caso de licença médica.

— Conseguimos, assim, a implementação de um aplicativo para marcação de consultas no HSPM, o compromisso de melhora no atendimento e análise quanto às negativas das licenças médicas.

E a saúde — vale relembrar — é uma das nossas pautas permanentes, já que deve ser tratada como prioridade e nenhum servidor deve ser punido por estar doente.

Ainda temos muito a conquistar.

O símbolo do Movimento Escolas em Luta é uma planta chamada dente-de-leão, que simboliza
a força, a esperança e a confiança. Levadas pelo vento, suas sementes voam longe, germinam e  florescem.

Nós, do Movimento Escolas em Luta, também voamos e queremos que todos voem conosco e possam realizar seus sonhos.

Por isso,  incomodamos tanto.

Em 2024, temos muito que lutar para recuperar nossos direitos, impedir privatizações e defender a educação pública, gratuita laica e de qualidade.

Um ano que se abre com a esperança de novos tempos e de que nossos sonhos se tornem realidade.

Lutar é um imperativo para superar injustiças.

Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica, dizia o nosso mestre gigante Paulo Freire.

É impossível viver sem sonhar.

Cabe a nós acreditar nesses sonhos e começar a escrever a história que queremos em 2024.

*Nelice Pompeu é professora da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo. Integra o Movimento Escolas em Luta.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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