Nelice Pompeu: Carta de Deus ao Padre Júlio Lancellotti

Carta de Deus ao Padre Júlio

Por Nelice Pompeu*

Meu filho Júlio,

Quando o silêncio te é imposto, Eu continuo falando em teus gestos.

Quando te pedem recolhimento, Eu sigo caminhando contigo pelas calçadas frias, pelas madrugadas feridas, pelos corpos esquecidos que tu nunca ignoraste.

Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.

Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça porque deles é o Reino dos Céus.

Não te assustes com os que gritam ódio em Meu nome sem jamais terem tocado uma chaga. Eles não sabem o que fazem.

Assim disseram de Meu Filho quando escolheram a cruz em vez do amor.

Tu segues o caminho de Jesus não pelo discurso, mas pela atitude.

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Religião não é palco, é serviço.

Religião não é aplauso, é compromisso.

Religião não é poder, é humildade.

Quando acolhes quem dorme na rua, é a Mim que acolhes.

Quando defendes os pobres, és fiel ao Evangelho.

Quando te calas por obediência, Eu conheço o peso e a grandeza desse silêncio.

Lembrai do que disse Meu servo Francisco de Assis, cuja oração ecoa em ti

Senhor, fazei me instrumento de vossa paz

Onde houver ódio que eu leve o amor

Onde houver ofensa que eu leve o perdão

Onde houver discórdia que eu leve a união

Onde houver dúvida que eu leve a fé

Onde houver erro que eu leve a verdade

Onde houver desespero que eu leve a esperança

Onde houver tristeza que eu leve a alegria

Onde houver trevas que eu leve a luz

Meu filho, não é sendo consolado que se é consolador

Não é sendo compreendido que se é compreensivo

Não é sendo amado que se ama

Pois é dando que se recebe

É perdoando que se é perdoado

É morrendo para si que se vive para a Vida eterna

Permanece firme

Eu vejo tuas lágrimas escondidas

Eu conheço o cansaço que não aparece

Eu recolho cada gesto teu feito no escuro

Nenhuma perseguição apaga o amor vivido

Nenhuma mentira vence a verdade encarnada

Nenhuma ordem humana silencia a justiça que nasce da compaixão

Segue

Eu estou contigo

Nas calçadas

Nos abraços

No pão repartido

No silêncio obediente

E no amor que insiste

Com ternura e fidelidade

Teu Pai

Que caminha com os pobres

*Nelice Pompeu é professora, promotora legal popular e integrante do Movimento Escolas em Luta

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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