MPF repudia fala do prefeito de Rio Branco (AC), que elogiou ditadura e defendeu atos golpistas
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou uma nota de repúdio à fala do prefeito de Rio Branco (AC), Sebastião Bocalom (Progressistas), que defendeu a ditadura militar de 1964 e elogiou atos golpistas que contestam o resultado da eleição de 2022.
Sem citar as torturas, mortes e restrição das liberdades políticas que marcaram a ditadura militar, o político disse que o regime foi um “milagre brasileiro”. “Desde quando os militares não fizeram um grande trabalho nesse país?”, afirmou em entrevista a um podcast na última semana.
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Em Rio Branco (AC), bolsonaristas estão acampados desde o dia 2 de novembro em frente ao Comando de Fronteira Acre – 4º Batalhão de Infantaria de Selva. Eles pedem um golpe militar contra Lula e rejeitam o resultado que deu vitória ao petista.
Leia a declaração do político na íntegra:
“Eu sou a favor de deixar que as pessoas se manifestem [pedindo golpe de Estado]. Não estão quebrando nada e não estão fazendo nada de errado. Qual o problema? Desde quando os militares não fizeram um grande trabalho nesse país? Esse país é o que é, quando, nos anos 70, os militares entraram. Os prefeitos não serão destituídos. Depende da forma de como vai ser tratado. Ninguém sabe o que vai acontecer. Quando foi o milagre brasileiro do desenvolvimento? Que o Brasil era o 40º país em economia do mundo e aí ele veio para o sexto, chegou a ser o terceiro em economia do mundo? Quando foi isso? Foi na época dos militares que o país explodiu, que a economia brasileira explodiu, é o milagre brasileiro”, disse o prefeito de Rio Branco.
Em resposta, O MPF afirmou que a declaração viola “a noção republicana e o sistema de direitos humanos implementado pela Constituição Federal” e lembrou que “na ditadura foram empregadas práticas de tortura e execuções de pessoas”.
O MPF ressaltou que vai continuar investigando crimes de violação aos direitos fundamentais cometidos durante a ditadura militar no Acre e defendeu que os culpados “sejam devidamente responsabilizados, notadamente pelo seu caráter de imprescritibilidade”.
Sem provas, prefeito acusou fraude nas urnas
Na mesma entrevista, o prefeito de Rio Branco disse, sem provas, que houve fraude nas eleições de 2022. Ele citou um boato espalhado por bolsonaristas e já desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que as urnas teriam transferidos votos de Bolsonaro para Lula.
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“[Jair Bolsonaro] perdeu ou foi roubado. Eu não sei. Eu acredito [que as urnas foram fraudadas]. Eu acredito, porque como matemático que sou e trabalho com estatística”, afirmou Bocalom, ex-professor de matemática.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog