Milei foge após ataque com pedras em caravana na Grande Buenos Aires
O presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza), precisou ser evacuado às pressas de uma caravana em Lomas de Zamora, subúrbio do sul da Grande Buenos Aires, depois que manifestantes lançaram pedras e objetos contra o veículo presidencial. A cena expôs a escalada de violência política no país, a poucas semanas das eleições legislativas.
Milei viajava em uma caminhonete acompanhado da irmã Karina Milei, do deputado José Luis Espert (LLA-Buenos Aires) e do operador político Sebastián Pareja. Quando a caravana passou pela avenida Hipólito Yrigoyen, próximo ao centro do município, começou o lançamento de pedras contra o carro presidencial.
O ataque ocorreu no contexto de denúncias contra Karina, que é acusada de cobrar propinas em nome de seu irmão presidente. “Tudo o que estão dizendo é mentira”, jurou o presidente quando questionado sobre as gravações de áudio atribuídas a Diego Spagnuolo, que é advogado, amigo e confidente de Milei.
Maximiliano Bondarenko, candidato da coligação à legislatura, foi atingido por uma pedrada. Espert também precisou ser retirado às pressas em uma motocicleta, após a dispersão.
Segundo relatos, a militância de Milei havia sido convocada a partir de Temperley, mas também circulou nas redes sociais um chamado de opositores para protestar no mesmo local. O encontro no coração de Lomas de Zamora, governado pelo peronista Federico Otermín, virou palco de empurrões, agressões físicas e troca de acusações.
Os libertários culparam militantes do Partido Justicialista (PJ) pelo ataque, enquanto o entorno peronista afirmou que a provocação partiu do próprio esquema de Milei.
O episódio ocorre em meio a denúncias de corrupção envolvendo aliados do governo, o chamado escândalo ANDIS, e amplia a sensação de instabilidade política. A imagem de um presidente acuado e forçado a fugir sob pedras simboliza a fragilidade de Milei frente ao desgaste acelerado de sua gestão.
A violência no subúrbio bonaerense não é um fato isolado: revela a crescente polarização social e a incapacidade do governo de garantir segurança até mesmo em atos oficiais.
A fuga de Milei de sua própria caravana reforça a percepção de que a Argentina atravessa não apenas uma crise econômica, mas também uma crise de legitimidade política. A oposição ganha combustível, e o peronismo testa seus limites frente a um presidente que, até pouco tempo, se apresentava como outsider imbatível.
O risco é que episódios como o de Lomas de Zamora normalizem a violência como linguagem política. Democracia não se constrói com pedras, e a Argentina precisa redescobrir o diálogo antes que a escalada se torne incontrolável.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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Publicação de: Blog do Esmael