Miguel Nicolelis lança nesta terça, em SP, o romance ‘Ré Volução no País do Carnaval’

Por Redação Viomundo

O professor e neurocientista Miguel Nicolelis lança em São Paulo nesta terça-feira, 21/10, o seu segundo romance. 

É o Ré Volução no País do Carnaval — O julgamento final de uma nação fantasiada de democracia.

Será às 19h, no Teatro Cultura Artística, à rua Nestor Pestana, 196, Consolação. 

O lançamento de Ré Volução no País do Carnaval e a sessão de autógrafos terá a mediação do jornalista Chico Pinheiro.

O livro é da editora Planeta Minotauro, que resume assim o novo livro de Miguel Nicolelis:

Durante o Carnaval e em pleno colapso institucional, um grupo de personagens insólitos — entre eles um juiz chamado Fato Consumado, um promotor de nome Acuso Nascerta, o advogado de defesa Sempre Passional e um júri no mínimo inusitado — se reúne no último tribunal oficial do país para finalmente julgar a maior de todas as culpadas: a própria Ré Volução.

Ré Volução no país do Carnaval é o segundo romance de Miguel Nicolelis, um dos maiores cientistas brasileiros da atualidade, que aqui se revela também cronista das contradições de um país tão complexo quanto o nosso.

Nesta fábula farsesca, ficcional e brutalmente atual, a história recente do Brasil se transforma em um espetáculo alegórico e político, onde a justiça dança com a ironia, o fato documentado encontra o delírio e a sátira veste a fantasia da tragédia.

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O livro tem 13 capítulos.

Abaixo, a íntegra do primeiro.

O ABRE-ALAS

As apostas continuavam a todo vapor. Absolvição, a barbada do século, pagava dez por um. Na antessala do Fórum, todos os presentes, sem se preocupar ainda com as eventuais punições do regime, viviam a agitação típica de uma sexta-feira de Carnaval. Para surpresa geral, o assunto do momento em todas as rodas não tinha nada a ver nem com a festança, nem mesmo com futebol, as duas obsessões nacionais. Naquele país tropical, às vésperas da sua maior esbórnia popular, um Tribunal do Júri se preparava para tirar todos da rotina e sacudir a nação.

Sem nenhuma bateria, passista ou samba-enredo. Só no proverbial gogó!

Sim, um júri, como nos velhos tempos em que eles eram legais e aceitos pelo regime vigente. Bem verdade, esse seria o último, afinal de contas, de acordo com as autoridades, essa não era mais a forma apropriada de se aplicar os ditames da lei e da ordem. Seguindo as normas irreparáveis, indiscutíveis e incontestáveis da recém-outorgada Lei Nacional de Aplicação da Justiça Universal, na quinta-feira após o Carnaval, os antigos tribunais deveriam ser extintos perpetuamente e substituídos por cortes especiais, secretas, reunidas em locais desconhecidos e diretamente subordinadas aos mandatários máximos da nação, as **Cinco*Estrelas**. Para garantir a fidelidade desses novos tribunais, nessa nova realidade judiciária as **Cinco*Estrelas** seriam assessoradas pela tão famigerada quanto temida Associação Nacional dos Filhos, Netos, Genros, Noras e Assessores Especiais para Assuntos Extraordinários de Porra Nenhuma, a temida ANFNGNAEpAE_de_PN, uma das mais poderosas sociedades secretas a assolar as riquezas e os cidadãos daquela nação.

Com a promulgação da nova lei, os magistrados e funcionários do antigo Poder Judiciário seriam transferidos para outros órgãos administrativos do regime, todos localizados em grotões remotos da gigantesca floresta equatorial do perdido Norte. Lá, em suas “colônias de férias”, como o regime designara essas novas repartições públicas ao ar livre, os ex-membros do judiciário poderiam agora praticar suas fantasias bucólicas de sobreviver com as próprias mãos, em contato permanente com a selva, socializando com as criaturas delicadas e solidárias que encantam o imaginário de toda nação. Quem, em sã consciência, propalava o regime, recusaria a oportunidade única de interagir, diariamente, com as descomunais nuvens de mosquitos transmissores de todas as possíveis doenças tropicais conhecidas, ou dividir o chão da floresta com enxames de formigas-tocandira, ou quem sabe estabelecer contato próximo com alguma sucuri, ou ainda se banhar em rios maravilhosos, habitados pelo curioso peixe carandiru, conhecido por sua afeição peculiar por alojar-se, permanentemente, nas cavidades corporais mais íntimas de banhistas distraídos que visitam seu território?

Para facilitar a opção por uma nova vida mais saudável, todos os bens materiais do agora extinto Terceiro Poder e de seus funcionários passariam ao controle patrimonial da ANFNGNAEpAE_de_PN e de seus consultores financeiros e administrativos, que já haviam se apoderado de três quartos dos negócios públicos, como resultado da última campanha de privatizações promovida pelo regime.

Presidida pelo Meritíssimo Fato Consumado, juiz de carreira, filho do ex-presidente da Suprema Corte, Fato Inédito, e descendente de uma tradicional família de juristas com ligações com as cortes nacionais desde o período colonial, a primeira sessão do último julgamento popular estava prestes a começar.

Por todos os cantos do país, pelas estações de rádio e televisão, pelos alto-falantes instalados às pressas nas ruas próximas ao Fórum, a resposta do regime a um intolerável ato de subversão começava a ser transmitida sem trégua ou respeito à gramática.

— Reunidos em solo sagrado do nosso amado país, elementos contrarrevolucionários orquestram um crime hediondo contra a modernização das instituições da nação. Reagindo de forma arbitrária contra a mais do que necessária reforma das instituições responsáveis pela distribuição de sentenças e punições [1] apropriadas aos delitos cometidos por criminosos e subversivos, esses inimigos da Pátria pretendem conturbar a ordem vigente, aproveitando-se da moderada distração da vigilância popular decorrente da celebração do Carnaval.

“As **Cinco*Estrelas**, autoridades máximas da nação, renovam a disposição do regime de se defender de mais esse ataque vil contra a sua integridade e manter a ordem a qualquer preço. Indubitavelmente, potências estrangeiras se aproveitam dessa manifestação de fanatismo e radicalismo jurídico para fomentar a subversão em nosso solo.

Aproveitando-se da maior festa popular do mundo, desse feriado religioso tão sagrado para toda a nossa população, os elementos subversivos pretendem erigir um reduto de resistência ao poder central. Em nome das **Cinco*Estrelas**, o regime responderá a mais esse ataque frontal à sua autoridade com toda a força e a determinação necessária. Na quinta-feira, o folião se recolherá!”

Curiosamente, nem as frases ufanistas nem a ameaça velada, encrustada na última sentença do comunicado, causaram qualquer alvoroço na rotina do mundo externo, que, preparando-se para o início do grande desfile de abertura do Carnaval, começava a isolar o prédio do Tribunal do Júri do resto do país, sem nem sequer saber o que lá se passava. Nem mesmo “os elementos subversivos”, trancafiados naquele pequeno universo paralelo em que se transformara o Tribunal, agora cercado por todos os lados pelas hordas de carnavalescos nativos e estrangeiros, deram muita relevância ao piti do regime. Muito mais relevante, no momento, para todos os poucos privilegiados que tinham sido escolhidos pelo destino para organizar o evento histórico, era preparar a logística necessária para manter o último Tribunal do Júri funcionando até o final do Carnaval.

Secretamente, sabia-se que tudo aquilo só fora possível pela ausência dos funcionários de telecomunicações do regime, responsáveis pela transmissão das ordens de prisão dos idealizadores do julgamento. Como todas as ordens de prisão do país eram transmitidas através de um moderníssimo sistema de computação, criado para o regime pela ANFNGNAEpAE_de_PN, por um preço apenas um milhão de vezes maior do que o sistema realmente valia, a ausência dos únicos dois operadores do país capazes de entender e operar o sistema havia inviabilizado o despacho de qualquer mandado de prisão. Talvez depois desse episódio o regime passasse a acreditar no chamado “apagão humano” que assolava aquele país tropical.

De qualquer forma, ninguém poderia colocar a culpa do imbróglio sobre os ombros daqueles dois operadores. Mesmo que os mandados de prisão tivessem sido emitidos e chegado, sãos e salvos, ao seu destino, não haveria ninguém disponível para efetuar as prisões dos líderes da rebelião. Afinal de contas, todos os membros da polícia política, da carceragem e da carrocinha (como eram conhecidos os camburões da polícia), sabedores da proximidade do início do grande feriado nacional, simplesmente seguiram a tradição milenar do país e, de posse de atestados médicos devidamente forjados, abandonaram seus postos, precisamente um dia antes da parada de abertura do Carnaval. Agora, alguns deles, travestidos de marinheiros, bailarinas, pierrôs ou colombinas (ou ambos), faziam parte da multidão de fantasiados, já levemente embriagados, que formava a descomunal barreira humana que circundava completamente o Fórum, protegendo-o pelos próximos quatro dias de qualquer ação intempestiva do regime.

No passado, as **Cinco*Estrelas** haviam encomendado estudos de inteligência às autoridades do Grande País do Norte sobre quais seriam as datas mais propícias para os subversivos atentarem contra a autoridade constituída. No passado, o Grande País do Norte havia prestado serviços inestimáveis à causa das **Cinco*Estrelas**. Em particular, todos ainda se lembravam do papel essencial desempenhado por aquela nação amiga quando essas mesmas **Cinco*Estrelas** resolveram tomar o poder, na manhã de um singular primeiro de abril. A escolha do Dia Internacional da Mentira certamente não deveria, a priori, ser considerada apropriada para um golpe de Estado. Todavia, tal detalhe passou despercebido aos líderes do movimento. Anos depois, porém, incomodados com a montanha de memes criados por seus súditos para descrever “o golpe de mentira”, os principais ideólogos do movimento se reuniram solenemente e, depois de intensas deliberações acadêmicas, sancionadas por historiadores de alta estirpe e baixo preço, trataram de decretar para a posteridade que documentos recém-descobertos indicavam que o movimento, na realidade, iniciara-se no último minuto do dia 31 de março.

De repente, o espectro sinistro das datas cabalísticas voltava a assolar as **Cinco*Estrelas**. Tal como predito pelo relatório supra-hipersecreto produzido pelas autoridades da agência de inteligência do Grande País do Norte, a verdade estava agora exposta, nua e crua, para quem quisesse e pudesse absorvê-la. Naquele sorridente país tropical, sem sombra de dúvida, a sexta-feira de Carnaval era o dia ideal para se iniciar uma insurreição, um golpe de Estado, um genocídio, uma hecatombe, uma invasão, ou até mesmo, pasme você, caro leitor, um julgamento, reduzido agora a um ato de rebeldia contra o regime.

Assim, nos últimos treze anos, toda sexta-feira de Carnaval marcava o grande dia do terror das autoridades daquele país.

Desprotegidos de seus destacamentos de segurança, em pânico desde as primeiras horas do alvorecer, todos os mandatários da nação, incluindo as temidas **Cinco*Estrelas**, reuniam-se em bunkers subterrâneos, espalhados em locais ermos e secretos por todo o território nacional, enquanto as massas de carnavalescos inundavam as praças, os salões, as avenidas, enfim, todos os quase infinitos milímetros quadrados daquele maravilhoso mundo tropical. Ingovernável por definição ao longo do ano, todo o país desfrutava da completa e irrefutável ausência de qualquer tipo de autoridade institucional até quarta-feira à noite, quando as baixas eram computadas e os três últimos demógrafos na nação estimavam quanto a população deveria crescer nove meses depois.

Tudo estabelecido pela ordem natural das coisas. Nesses terríveis dias de Carnaval, as poderosas
**Cinco*Estrelas**, mandatárias e soberanas de todos os desígnios da nação, da vida e morte e de toda a população, eram obrigadas a cozinhar, lavar, passar, trocar fralda, cuidar dos netos, limpar cocô de cachorro no corredor do bunker e, segundo comentários de um repórter dissidente da rádio oficial, jamais encontrado posteriormente, até mesmo dormir e copular com as próprias mulheres.

Era durante esse momento tenso da vida nacional, enquanto os líderes supremos tratavam de controlar com as próprias mãos as infindáveis diarreias de seus netos, que aquele jurista de setenta e poucos anos começava a reunir jurados, promotores, advogados, assistência e, acima de tudo, a , para seu último espetáculo jurídico. Fato Consumado, dali em diante citado nesses autos como Fato (afinal de contas, herói e vilão se tratam pela alcunha), recrutara para essa apoteose um promotor de renome internacional, com uma ampla folha de serviços prestados à nação. Em seu curriculum, o promotor Acuso Nascerta listava inúmeras condenações improváveis, além de teses e cátedras no exterior. Acima de tudo, Nascerta tinha se transformado no foco do ódio irrestrito das autoridades federais pela petulância imperdoável de levar a julgamento um dos genros mais queridos de uma das **Estrelas**.

Enfim, esse era o homem certo para o desafio carnavalesco de Fato.

Velho companheiro de faculdade de Fato, Acuso Nascerta não titubeou, naquela manhã, quando o juiz o convidou para atuar no julgamento como promotor chefe. Despediu-se da turma do chope, pagou o psiquiatra da filha mais velha, a escola de balé do enteado, a conta do estilista da segunda mulher, a ração de Alcapone, seu boxer, mandou a amante para Paris, estourou o cheque especial comprando o seu mais novo terno italiano e se mandou para o Tribunal com um Marlboro nos lábios.

Já a defesa, nos trinta segundos que teve para indicar o seu líder, optou pelo calejado bacharel das causas perdidas, doutor Sempre Passional, profissional muito conhecido do público daquele país tropical por sua atuação em casos difíceis, envolvendo celebridades, que inicialmente inspiravam pouca esperança, mas que, invariavelmente, terminavam na absolvição do acusado, sem que ninguém entendesse nem como nem por quê. Sempre Passional respondeu de pronto ao chamado. Era “o dever falando mais alto que a paúra”. Anos depois, vivendo no desterro do continente Antártico, Sempre Passional questionaria, cercado de pinguins, seus únicos interlocutores, a veracidade dessa máxima popular.

Em minutos, afinal o tempo urgia, todos os papéis secundários do espetáculo foram preenchidos rapidamente por cidadãos ávidos (ou não) por participar do que prometia ser um evento marcante na História daquele país tropical. Assim, para comandar o serviço médico do Tribunal foi nomeando o distinto professor titular da não menos impoluta Faculdade de Medicina, o professor doutor Insano Saia, auxiliado por outro portento da medicina local, professor doutor Indecente Nato. A comunidade médica presente no processo de indicação, na antessala do Tribunal do Júri, aplaudiu de pé, com lágrimas nos olhos, os discursos dos empossados e logo a seguir tratou de desaparecer sem deixar vestígio.

Toda a logística interna do Tribunal foi colocada sob a coordenação do experiente senhor May Rinho, funcionário de carreira do Fórum, que havia mais de cinquenta anos atuava, primeiro com o pai de Fato, depois com o filho prodígio, sendo, portanto, elemento de toda a confiança do regente da rebelião. Entre as inúmeras inovações criadas pelo espírito empreendedor do senhor May Rinho, a maior, sem dúvida alguma, seria o funcionamento de múltiplas barraquinhas de camelôs, responsáveis pela revenda de toda sorte de gêneros alimentícios e bugigangas no Anexo I do prédio do Tribunal. Nesse mesmo Anexo seriam alojados o centro de apostas e a área para que aqueles que não tinham conseguido senha para o auditório principal pudessem acompanhar, através de telões usados na transmissão oficial da última Copa do Mundo pela rede Estatal Trim Plim, todo o drama do julgamento ao vivo e em cores, com a narração do locutor oficial, Sansão Não Tãobueno. Apesar de apoiar incondicionalmente o regime das **Cinco*Estrelas**, uma vez contratada por Fato, a rede Trim Plim havia disponibilizado imediatamente toda a estrutura tecnológica e o pessoal necessários para a transmissão em alta definição dos procedimentos. A razão para tal ação se baseava no receio de que alguma competidora, ou, pior ainda, uma rede clandestina formada por jovens internautas transformasse a transmissão num enorme sucesso comercial. Assim, além do equipamento de última geração, a emissora havia destacado uma equipe completa de jornalistas, além do já referido locutor, para o evento. Antes de deixar o quartel-general da emissora, essa equipe havia sido sorteada entre todos os funcionários da emissora e sumariamente demitida para eliminar qualquer traço de envolvimento da rede com o evento altamente subversivo.

O aroma de churrasquinho de gato já tomava conta da atmosfera do Anexo I quando, por volta das quatro da tarde, Fato conseguiu solucionar os dois últimos detalhes que emperravam o início da sessão. Sem que nenhuma autoridade se desse conta do seu movimento ardiloso, junto com cinco seguranças do Tribunal, Fato Consumado percorreu o perímetro da praça localizada em frente à rodoviária do centro da cidade. De repente, tendo identificado sua presa com seus costumeiros olhos de lince, Fato interceptou uma kombi-lotação pronta para iniciar mais uma viagem clandestina rumo aos subúrbios da metrópole. Sem muita cerimônia, o Excelentíssimo Senhor Meritíssimo, presidente do Tribunal do Júri, acompanhado de seus cinco meganhas criados a pão de ló, convidou gentilmente, com uma saraivada de argumentos, tão irrecusáveis quanto ininteligíveis, todos os passageiros já acomodados no interior da kombi a cumprirem seu dever cívico, servindo ao país como membros do corpo de jurados daquele julgamento histórico. Ainda de forma extremamente delicada, Fato informou aos ocupantes que a eles restava apenas uma alternativa ao seu convite: passarem todo o Carnaval no xilindró, a pão e água, e sob os cuidados intensos da equipe técnica (os tais meganhas) do Tribunal. A oferta do Meritíssimo foi prontamente aceita sem maior debate e até com certo grau de entusiasmo por parte de todos.

Ao todo, sete passageiros da kombi foram escoltados como potenciais candidatos a jurados do julgamento que ia testar o limite de vasão das coronárias das **Cinco*Estrelas**.

Faltava agora conseguir uma plateia que servisse de testemunha ocular do maior ato de ousadia do último juiz do Poder Judiciário. Com o tempo se esvaindo, Fato mais uma vez não hesitou em dar mostras da sua disposição de fugir de todos os padrões e jurisprudências para atingir o seu objetivo maior. De soslaio, ele rapidamente notou que, bem próximo da kombi, um grande número de foliões se preparava para embarcar em um par de coletivos que os transportaria ao desfile de abertura do Carnaval. Valendo-se da ajuda da sua comitiva, Fato prontamente começou a distribuir a todos uma amostra generosa da “caipirinha” preparada pela equipe do senhor May Rinho, que continha uma mistura imbatível de cachaça e sossega-leão.

Vinte minutos depois da distribuição de cinquenta litros do potente coquetel jurídico, Fato e equipe retornaram ao Fórum, seguidos por uma kombi e dois ônibus lotados com mais de oitenta foliões seminocauteados, entoando marchinhas de Carnaval. Anos depois, a imprensa oficial exploraria muito as imagens da chegada dessa “comitiva de visigodos embriagados”, como ficaram conhecidos todos os participantes. Nesse momento, todavia, a única coisa que importava para Fato Consumado era que a sessão do último Tribunal do Júri daquele país tropical já podia começar.

[1] Vale ressaltar que a palavra “justiça” havia sido eliminada do vocabulário oficial por ser considerada subversiva.

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Publicação de: Viomundo

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