Luciano Ducci enfrenta dilemas e cogita deixar PSB em 2026

O deputado federal pelo PSB Luciano Ducci,ex-prefeito de Curitiba, vive uma encruzilhada política que pode definir o rumo de sua carreira em 2026. Depois de uma candidatura protocolar à prefeitura da capital paranaense em 2024, o socialista vê ruir a estratégia de sobrevivência que traçou para reduzir custos políticos e financeiros e se manter relevante no tabuleiro estadual.

Na disputa pelo Palácio 29 de Março, Ducci optou por uma campanha de baixo impacto, sem estrutura robusta, nem ambição de chegar ao segundo turno. A decisão foi consciente: testar seu nome, manter a musculatura partidária e preparar terreno para a reeleição à Câmara Federal.

Mas o cálculo incluiu escolhas que agora o perseguem.

Entre os dogmas da campanha de 2024 estavam evitar a associação direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos petistas, mesmo com o presidente detendo cerca de um terço do eleitorado curitibano; abrandar o discurso ideológico; e mostrar-se independente de rótulos de esquerda. Ducci acreditava que o distanciamento de Lula o protegeria em 2026. O resultado foi o oposto: Lula subiu, Ducci caiu.

Nos bastidores do PSB, cresce a avaliação de que o parlamentar perdeu o timing político e a conexão com as bases progressistas. O partido, sob forte influência do vice-presidente Geraldo Alckmin e do prefeito do Recife, João Campos, que preside nacionalmente a legenda, tenta se reposicionar como ponte entre centro e esquerda, e o deputado paranaense parece ter ficado no meio do caminho.

Hoje, Ducci enfrenta uma dura realidade aritmética: mesmo que consiga expressiva votação pessoal, dificilmente será eleito sem uma chapa competitiva. O quociente eleitoral, número mínimo de votos que o partido precisa atingir para garantir cadeiras, é o novo fantasma que ronda sua candidatura.
No PSB do Paraná, faltam nomes com densidade regional. O grupo que antes orbitava Ducci esvaziou-se, e até aliados históricos avaliam outros caminhos.

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Luciano Ducci teme o “Efeito Luizão”, sobre o qual o Blog do Esmael já destrinchou em julho deste ano. A expressão surgiu no Paraná, nos bastidores da política, quando o então deputado federal Luizão Goulart, mesmo recebendo expressivos 96.543 votos em 2022, ficou de fora da Câmara dos Deputados.
O motivo? Seu partido à época, o Solidariedade, não alcançou o quociente eleitoral. Ou seja, voto pessoal não bastou. Faltaram votos de legenda.

Esse fantasma volta a assombrar a política brasileira na reta para as eleições gerais de 2026, e promete ser mais cruel do que nunca.

Este é o secretário de Estado Luizão Goulart. Foto: reprodução/IG
Este é o secretário de Estado da Administração do Paraná, Luizão Goulart. Foto: reprodução/IG

Com a dificuldade de montar chapa, Ducci passou a flertar com o Republicanos, partido com maior capilaridade e presença no interior. Segundo fontes ouvidas em Brasília, a troca já é dada como “segredo de Polichinelo”: comentada nos corredores, negada oficialmente. A janela partidária de abril será o momento decisivo.

Se o movimento se concretizar, o comando do PSB paranaense tende a mudar de mãos. O núcleo sindical liderado por Messias Obama, Paulo Rossi e Manassés Oliveira deve assumir o protagonismo da legenda no estado.

O grupo sindical socialista trabalha numa estratégia ambiciosa: atrair o ex-prefeito de Curitiba Rafael Greca (PSD) para disputar o governo do Paraná por uma frente ampla de centro-esquerda.

Greca, próximo de Alckmin e com trânsito em vários partidos, é visto como alternativa moderada ao bolsonarismo de Ratinho Jr. e à direita tradicional.

Greca em clima de candidato: ex-prefeito circula entre socialistas e recebe apoio do PSB ao governo do Paraná. Foto: IG
Greca em clima de candidato: ex-prefeito circula entre socialistas e recebe apoio do PSB ao governo do Paraná. Foto: IG

Em novembro, Messias Obama e seus aliados têm agendas confirmadas em Brasília e no Recife com Alckmin e João Campos. A pauta: a reorganização do PSB e a definição de nomes estratégicos para 2026.
Nas conversas, o Paraná aparece como peça-chave para o equilíbrio político da federação, e o destino de Ducci, um teste para a coerência do partido entre o discurso socialista e as alianças pragmáticas.

O cenário nacional também pesa. Lula, com aprovação consolidada entre a classe média e os trabalhadores urbanos, recuperou terreno em Curitiba e em todo o Sul, contrariando previsões de retração.

Enquanto isso, Ducci perdeu relevância no Congresso e espaço na mídia, ofuscado por figuras emergentes do próprio PSB, como Tabata Amaral e Pedro Campos, e por petistas de maior expressão parlamentar.

Nos corredores de Brasília, o comentário é que Ducci virou um político “sem ninho”, um centrista isolado, que não se encaixa nem no lulismo nem na direita republicana, mas tenta sobreviver surfando entre ambos.

O caso de Luciano Ducci é um retrato das dificuldades da centro-esquerda em renovar quadros e manter coerência estratégica no Paraná. O ex-prefeito, que já foi símbolo de gestão técnica e moderação, agora enfrenta o dilema de escolher entre a fidelidade partidária e a sobrevivência eleitoral. Em política, quem hesita, perde.

Acompanhe as movimentações do PSB e os bastidores das eleições de 2026 pelo Blog do Esmael.

O ex-prefeito Rafael Greca cultiva amizade e relação política com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Curitiba, 30/06/2023. Foto: José Fernando Ogura/SMCS
O ex-prefeito Rafael Greca cultiva amizade e relação política com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Curitiba, 30/06/2023. Foto: José Fernando Ogura/SMCS

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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