Kremlin acusa Biden de “alimentar o fogo” na Ucrânia
O mundo observa com apreensão enquanto as tensões entre Rússia e Estados Unidos aumentam. O Kremlin acusou o presidente americano, Joe Biden, de intensificar o conflito na Ucrânia ao permitir que Kiev utilize mísseis de longo alcance para atingir alvos dentro do território russo. Essa decisão, ainda não anunciada formalmente pela Casa Branca, já gera repercussões internacionais significativas.
Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, declarou: “A administração em Washington pretende continuar colocando lenha na fogueira e inflamando ainda mais as tensões em torno deste conflito”. Para Moscou, a medida é considerada “imprudente e perigosa”, elevando o nível de envolvimento dos Estados Unidos no embate.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia foi enfático ao afirmar que o uso desses mísseis representa o envolvimento direto dos EUA e seus aliados em hostilidades contra a Rússia. “A resposta da Rússia, nesse caso, será apropriada e palpável”, alertou em comunicado oficial.
Enquanto isso, Biden, que está no Rio de Janeiro para a Cúpula do G20, ainda não se pronunciou sobre o assunto. No entanto, Berlim confirmou ter sido informada sobre a decisão, indicando que os aliados ocidentais estão alinhados nesse movimento.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, vem solicitando há tempos o Sistema de Mísseis Táticos do Exército (Atacms), com alcance de 300 quilômetros, para fortalecer a defesa do país. A possibilidade de utilizar essas armas dentro da Rússia intensifica o debate sobre os limites do apoio ocidental à Ucrânia.
Putin já havia advertido que permitir tais ataques equivaleria a uma declaração de guerra da OTAN contra a Rússia. “Tomaremos as decisões apropriadas com base nas ameaças que enfrentarmos”, afirmou o líder russo em setembro. Há ainda a preocupação de que Moscou possa fornecer armas de longo alcance a outras nações, ampliando o conflito para além das fronteiras ucranianas.
A comunidade internacional está dividida. Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, apoiou a decisão dos EUA, afirmando que a Ucrânia deve ser capaz de “atingir os arqueiros”, não apenas “parar as flechas”. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, classificou a medida como “importante” e “essencial”, embora Berlim mantenha a posição de não fornecer seus mísseis Taurus a Kiev.
Por outro lado, países como a Hungria criticam a escalada. Péter Szijjártó, ministro das Relações Exteriores húngaro, alertou sobre os riscos de ignorar a vontade popular e considerou a decisão “antidemocrática e extremamente perigosa”.
Dentro dos Estados Unidos, a reação também é mista. Donald Trump Jr., filho do presidente eleito, criticou a medida nas redes sociais, sugerindo que o complexo industrial militar busca provocar uma terceira guerra mundial antes que seu pai assuma o cargo. Elon Musk, influente empresário e aliado de Trump, expressou preocupações semelhantes.
Algumas autoridades russas demonstram esperança de que o novo governo americano reverta a decisão. A legisladora Maria Butina afirmou: “Tenho grande esperança de que Trump supere essa decisão se ela foi tomada, porque estão arriscando seriamente o início de uma terceira guerra mundial, o que não é do interesse de ninguém”.
Em meio a essa complexa teia diplomática, a proposta de paz apresentada pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdo?an, foi rejeitada pelo Kremlin. A ideia de congelar as hostilidades nas posições atuais não atende aos interesses russos, que exigem a retirada total das tropas ucranianas de regiões reivindicadas por Moscou.
O momento exige cautela e diálogo. A possibilidade de uma escalada militar entre potências nucleares é alarmante. A comunidade internacional deve unir esforços para buscar uma solução pacífica, evitando que o conflito na Ucrânia se transforme em uma crise de proporções ainda maiores.
É hora de líderes mundiais agirem com responsabilidade, priorizando a diplomacia e o entendimento mútuo. O mundo clama por paz, e cada decisão tomada agora pode definir o rumo da história nos próximos anos.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael