Guardian abandona X de Elon Musk por conteúdo tóxico
O renomado jornal britânico The Guardian anunciou que não publicará mais conteúdo em suas contas oficiais na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, de propriedade de Elon Musk. A decisão foi motivada pelo que o veículo classificou como “conteúdo frequentemente perturbador” e a proliferação de teorias da conspiração de extrema direita e racismo na rede social.
O The Guardian foi fundado em 5 de maio de 1821, ou seja, há mais de 200 anos, originalmente sob o nome The Manchester Guardian. Em 1959, adotou o nome atual e, em 1964, transferiu sua sede para Londres. Desde 1936, pertence ao Scott Trust Limited, criado para assegurar sua independência financeira e editorial.
A preocupação do The Guardian não é isolada. Desde que Musk assumiu o controle da plataforma em 2022, após uma aquisição de US$ 44 bilhões, diversas vozes têm se levantado contra a direção que o X vem tomando. Musk, autoproclamado “absolutista da liberdade de expressão”, restabeleceu contas anteriormente banidas por promoverem discurso de ódio e desinformação, incluindo as de figuras controversas como Alex Jones e Andrew Tate.
A aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos serviu como catalisador para a decisão do The Guardian. O jornal afirmou que Musk tem utilizado sua influência para moldar o discurso político na plataforma, o que levanta sérias preocupações sobre a disseminação de informações falsas e a manipulação da opinião pública.
Outras instituições também tomaram medidas semelhantes. A National Public Radio (NPR) e a PBS, ambas organizações de mídia sem fins lucrativos nos EUA, suspenderam suas atividades no X após serem rotuladas como “mídia afiliada ao estado”. Recentemente, o festival de cinema de Berlim e a polícia do Norte de Gales anunciaram sua saída da plataforma, citando motivos que vão desde a falta de alinhamento com valores institucionais até o aumento de discurso de ódio.
Em resposta ao anúncio do The Guardian, Musk não poupou críticas, classificando o jornal como “irrelevante” e uma “máquina de propaganda laboriosamente vil”. Essa postura combativa do bilionário tem sido recorrente, especialmente diante de críticas relacionadas à moderação de conteúdo e políticas da plataforma.
A saída do The Guardian levanta questões importantes sobre o papel das redes sociais na disseminação de notícias e o equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade social. À medida que plataformas como o X enfrentam desafios para conter o discurso de ódio e a desinformação, veículos de comunicação tradicionais buscam alternativas para alcançar seu público sem comprometer seus princípios editoriais.
A decisão também reflete uma tendência maior de instituições e indivíduos reavaliarem sua presença em plataformas digitais que não correspondem aos seus valores. Em um mundo cada vez mais conectado, a responsabilidade pelas informações compartilhadas é uma questão que afeta não apenas as empresas de mídia social, mas toda a sociedade.
No Brasil, a plataforma X pegou um gancho de trinta dias após Elon Musk se recusar a cumprir ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A rede social foi banida do país durante o primeiro turno das eleições municipais de outubro.
Portanto, a narrativa do The Guardian dá razão a Moraes.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael