Fórum Social Mundial começa na segunda-feira (23) com cerca de 1,5 mil inscritos
Após período marcado por ataques a democracia, o Fórum Social Mundial volta a Porto Alegre, entre os dias 23 e 28 de janeiro, e contará com mais de 150 atividades, entre debates sociais, políticos e culturais. Com um formato mais enxuto, o evento regional, com caráter mundial, concentrará a maioria das atividades na Assembleia Legislativa do Estado. A realização do evento está a cargo das centrais sindicais e movimentos populares do Rio Grande do Sul e do Brasil. Veja aqui a programação completa do FSM.
Na quarta-feira (25), às 17h, a tradicional Marcha do FSM vai tomar as ruas do centro de Porto Alegre. A concentração ocorrerá no Largo Glênio Peres e seguirá até a Praça da Matriz, onde será encerrada com um ato Político-Cultural. A caminhada terá a participação de centrais sindicais, movimentos populares e partidos de esquerda.
“Com a vitória da democracia em outubro de 2022, o Brasil abriu uma janela de oportunidade para si e para o mundo na luta contra o fascismo, o racismo, o patriarcado e as desigualdades”, destacam os organizadores do Fórum Social Mundial ao fazer o chamamento para a edição de 2023.
De acordo com eles, a edição deste ano marca uma mudança de rumos no maior país da América Latina. “Essa mudança é popular, é democrática, é negra, é indígena, é feminista, é em defesa do meio ambiente e só será efetiva se houver organização e mobilização popular desde o princípio”, expõe.
Vale ressaltar que a atual edição não é o evento centralizado chamado pelo Conselho Internacional. Os organizadores pontuam que pelo exíguo tempo de convocação e mobilização, esta edição irá concentrar sua dinâmica na realização, em parceria com a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, das Atividades Autogestionadas e das Convergências nos dias 23 e 24 de janeiro, na Marcha no dia 25, no Seminário Internacional, nos dias 26 e 27 de janeiro, e no Festival Social Mundial, no sábado (28), no Parque da Redenção.
Participação de ministros do governo Lula
Alguns ministros e secretários do governo federal confirmaram presença no FSM. Na terça-feira (24), às 19h, de convergência “O novo Brasil que queremos construir”, no Auditório Dante Barone. Na quarta (25), às 14h, o secretário nacional de Economia Solidária, Gilberto Carvalho, estará na mesa da Economia Solidária, Tecendo Redes, Transformando Realidades,Reconstruindo o Brasil, no Dante Barone. Já na quinta-feira (26), às 16h, o Conselho Nacional de Saúde traz a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para a sua reunião no Plenarinho da ALRS. E às 19h, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, estará na mesa Fortalecer a terra, alimentar o Brasil. Na sexta-feira (27), às 14h, o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, participa da mesa Democracia Participativa e Controle Social, também no Dante Barone.
Abaixo alguns destaques
No dia 23 de janeiro, segunda-feira, às 19h, no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS, a primeira mesa de convergência debate “A luta dos povos no contexto do nascimento de um mundo multipolar”. O encontro terá como debatedores o ex-governador Tarso Genro, a ex-presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, a representante da Palestina, Mariam Barghouti e do presidente da Fundação Maurício Grabois (FMG-RS) e Diretor Nacional do Cebrapaz Raul Carrion. Além de participações em vídeo de representações da China, Rússia, Cabo Verde e Benin. A mesa terá como moderadoras as deputadas eleitas Laura Sito (PT) e Bruna Rodrigues (PCdoB).
Na terça-feira (24), no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS, acontecerá o debate “O novo Brasil que queremos Construir”. Com a participação de Oded Gajew, do Comitê Internacional do FSM, Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidenta nacional do PT, Mario Bruck, presidente do PSB/RS, Juliano Roso, presidente estadual do PCdoB, as deputadas estaduais Luciana Genro (PSOL) e Juliana Brizola (PDT). Também está prevista a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Além de Intervenções especiais dos movimentos sociais. A mesa terá como moderadoras as deputadas Daiana Santos (PCdoB) e Reginete Bispo (PT).
Na quarta-feira (25), às 9h, a CUT-RS e centrais sindicais promovem a mesa de debates “Sindicalismo e Trabalho Decente – Salário igual para Trabalho igual”, no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa. O debate terá participarão virtual de Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego do governo Lula (PT), e contará com a presença de João Carlos Coelho, dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN).
Comunicação democrática
Organizada pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Brasil de Fato e dezenas de entidades da área, a comunicação também será tema de debate. Na terça-feira (24), às 14h, será realizada a Roda de Diálogo “Sem Comunicação Democrática não existe Democracia de Verdade”, no Auditório do Sindibancários. As convidadas serão Samara Castro, Diretora de Promoção da Liberdade de Expressão – Secretaria de Políticas Digitais/SECOM, e Rita Freire, Presidente do Conselho Curador da EBC, cassado após o golpe de 2016.
Para marcar os seus 20 anos de atuação, o Brasil de Fato vai apresentar o documentário “O terceiro ato”, com direção de José Eduardo Bernardes. Com 15 minutos de duração, o curta retrata Janeiro de 2023: Luiz Inácio Lula da Silva chega ao terceiro mandato como Presidente da República. A posse histórica, que seria o início da reconstrução de um Brasil fraturado é ameaçada pela destruição dos símbolos da democracia e uma tentativa de golpe. O Brasil de Fato foi lançado no Fórum Social Mundial no dia 25 de janeiro de 2003, em uma solenidade histórica. No documentário “Brasil de Fato – Nasce um jornal” é possível rever cenas do lançamento, com um público de cinco mil pessoas lotando o antigo Auditório Araújo Viana.
Durante a semana de realização do Fórum Social Mundial, a economia solidária estará em destaque. Com o tema Tecendo redes, transformando realidades e reconstruindo o Brasil, no dia 25, às 14h, na Assembleia Legislativa será promovido um debate com a participação de Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Solidária, Joaquim Mello da Rede Nacional de Bancos Comunitários, Alvir Longhi, da cadeia das Frutas Nativas, e Itanajara Almeida, representante da rede Ubuntu, com a coordenação de Nelsa Fabian Nespolo da Unisol/Justa Trama.
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A Economia Solidária também promove uma feira para 120 expositores coletivos na Praça XV no centro de Porto Alegre, entre os dias 23 a 28 de janeiro.
Credenciamento FSM 2023
O credenciamento será feito de 23 a 25 de janeiro, das 10h às 19h e dia 25 até 16h, na Assembleia Legislativa. A inscrição é 1kg de alimento não-perecível para a Campanha contra a Fome da Assembleia Legislativa.
Breve Histórico do FSM
O Fórum Social Mundial nasceu em 2001 por organizações e movimentos sociais que, a partir de uma proposta inicial, se autoconvocaram e mobilizaram para um grande encontro em Porto Alegre, em contraposição ao neoliberalismo representado pelo Fórum Econômico Mundial, que ocorria ao mesmo tempo em Davos, na Suíça.
Os acontecimentos mundiais que sucederam ao primeiro FSM chocaram-se com os anseios de paz da humanidade. No mesmo ano 2001 vieram abaixo as Torres Gêmeas. E em nome de combater o terrorismo, o Ocidente capitaneado pelos EUA passou a justificar novas guerras e semear novas formas de terror, a estigmatizar povos inteiros por suas etnias e culturas e a perseguir violentamente os imigrantes. Armou-se sem hesitar para combater justamente a diversidade que o FSM nasceu para celebrar.
Contra tudo isso, as lutas reunidas no FSM conseguiram impulsionar mudanças e apontar caminhos. hoje seriamente ameaçados. Na América Latina, em especial, foram possíveis experiências mais democráticas, de ascensão de forças populares, de indígenas e trabalhadores, ou mais progressistas, aos governos. E contra as quais também se organizaram todas as forças conservadoras.
Com as primeiras edições em Porto Alegre (2001, 2002, 2003 e 2005), o FSM percorreu o mundo tendo encontros em Mumbai, Caracas, Karashi, Bamako, Nairobi, Belém, Dacar, Túnis e Montreal. Além de edições temáticas, regionais, continentais.
Ao Norte da África, a construção de duas edições mundiais foi parte dos acontecimentos da chamada Primavera Árabe. No Canadá foi a primeira vez que o FSM teve realização em um país do Norte, com forte protagonismo da juventude.
O FSM voltou ao Brasil após uma fase de intensos debates sobre o futuro das lutas sociais e do próprio processo FSM, com a perspectiva de servir aos movimentos de resistência contra o avanço das forças neoliberais e suas investidas contra as jovens democracias na América Latina.
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Publicação de: Brasil de Fato – Blog