Filipe Barros assume Comissão de Relações Exteriores da Câmara após fuga de Eduardo Bolsonaro

O deputado federal Filipe Barros (PL-PR) foi eleito, nesta quarta-feira (19), presidente da estratégica Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Credn) da Câmara dos Deputados. A ascensão do paranaense ao cargo ocorre em meio à polêmica fuga de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos, após intensos ataques contra sua atuação parlamentar.
O filho do ex-presidente reivindicava a Comissão de Relações Exteriores, no entanto, ele não era consenso nem mesmo na bancada do Partido Liberal.
Dito isto, a escolha de Filipe Barros para comandar a Credn não foi por acaso. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou total apoio ao correligionário, que é visto como um de seus mais fiéis aliados no Congresso. Para reforçar ainda mais sua influência, Bolsonaro deve desembarcar no Paraná no início de abril, com visitas programadas para Curitiba e Londrina, para impulsionar Filipe Barros como candidato ao Senado em 2026.
Nos bastidores, o PL traça um ambicioso plano de domínio no Senado, mirando entre 30 e 35 cadeiras na próxima legislatura, além de garantir a permanência de outros oito senadores já eleitos até 2030.
Em seu primeiro discurso como presidente da Credn, Filipe Barros reforçou a importância da soberania nacional e alfinetou influências estrangeiras na política brasileira. “Não há soberania sem povo […] É um dos temas mais discutidos no mundo todo, e aqui certamente não será diferente”, declarou.
O parlamentar criticou o que chamou de interferência de fundações internacionais no Brasil, mencionando o caso da USAid, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Para ele, “as relações internacionais têm que ser pautadas na ideia de Estados-nação fortes e culturalmente soberanos”.
Durante sua fala, Barros também saiu em defesa de Eduardo Bolsonaro, que decidiu se licenciar do cargo após enfrentar uma série de críticas. “Há democracia sem a direita? Há democracia que não apoia o debate de ideias? Que criminaliza opiniões?”, questionou o deputado.
Aos 33 anos, Filipe Barros está no seu segundo mandato consecutivo na Câmara, reeleito em 2022 com mais de 249 mil votos. Em 2024, liderou a Oposição na Casa, consolidando-se como um dos principais nomes da ala bolsonarista.
Entre suas principais propostas está o Projeto de Lei 1659/2024, apelidado de “PL da Soberania Nacional”. A iniciativa visa regulamentar e fiscalizar a atuação de ONGs e entidades estrangeiras em solo brasileiro, com ênfase nas regiões estratégicas do país.
Com Filipe Barros no comando, a Credn tende a adotar um tom mais nacionalista de direita e confrontador em temas de política externa. A influência de Jair Bolsonaro na comissão é evidente, e o partido segue alinhando suas estratégias de olho nas eleições de 2026. Resta saber como será a dinâmica da nova presidência diante de temas sensíveis como a relação Brasil-China, as posições sobre a guerra na Ucrânia e o papel do Brasil no Mercosul.
Publicação de: Blog do Esmael