Eu vi Tarcísio negar e trair Jair Messias Bolsonaro três vezes

A rachadura entre Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou a crescer, desta vez com direito a acusação de traição direta. Segundo relatos de bastidores colhidos pelo Blog do Esmael, o ex-presidente teria desabafado, ao saber do novo movimento de distanciamento do governador de São Paulo: “Até tu, Tarcísio?”

A frase teria sido dita após Tarcísio se reunir com empresários paulistas para criticar, ainda que indiretamente, o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a produtos brasileiros. O governador tenta agora marcar uma posição “institucional”, mas seu passado recente o condena.

O tarifaço, vale destacar, não foi uma ação isolada dos EUA. Ele nasceu de uma articulação direta do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está autoexilado nos Estados Unidos. A estratégia do filho 03 é usar a pressão comercial como moeda de troca com o governo brasileiro, numa tentativa desesperada de negociar uma anistia para o pai e reabilitá-lo para disputar as eleições de 2026.

Tarcísio, no entanto, começou a chifrar Bolsonaro já naquele famoso “conclave” promovido pelo LIDE em Nova York, em maio, evento amplamente noticiado pelo Blog do Esmael. Na ocasião, cercado de governadores e empresários, o governador paulista já ensaiava um voo solo, longe da tutela do ex-capitão.

A crise escalou de vez com o tarifaço. Tarcísio inicialmente se alinhou ao bolsonarismo e ao trumpismo, relativizando os impactos sobre o Brasil e endossando o discurso protecionista de reindustrialização americana. Agora, tenta se descolar da pauta impopular, sobretudo junto ao setor agroexportador paulista, duramente atingido.

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro afirmam que esta é a “terceira facada” de Tarcísio: a primeira teria ocorrido no LIDE de Nova York, quando o governador se lançou como nome viável da direita sem consultar o clã; a segunda, ao se aproximar de figuras como Rodrigo Garcia e setores empresariais da FIESP, acenando ao centro; e a terceira, agora, ao romper com a cartilha do trumpismo bolsonarista justamente no momento em que Bolsonaro enfrenta seu maior enfraquecimento político e jurídico.

Os últimos que foram acusados de traição pelo bolsonarismo, a exemplo de Joice Hasselmann, Alexandre Frota, Carla Zambelli, dentre outros, se deram mal dos pontos de vistas político e eleitoral.

Dito isto, a Procuradoria-Geral da República acaba de pedir 40 anos de prisão para Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Diante desse cenário, Tarcísio tenta se reposicionar para 2026, mas carrega consigo o peso das escolhas recentes e a sombra de seu criador político.

Com o bolsonarismo fragmentado e em crise de identidade, um novo embate se desenha no campo da direita: de um lado, Tarcísio com seu projeto de “direita limpinha”; do outro, o núcleo duro que pode lançar um familiar, ou um aliado fiel, com a bandeira da lealdade incondicional ao ex-presidente.

A pergunta que se impõe: Tarcísio sobrevive politicamente sem o bolsonarismo que o criou?

Eu vi Tarcísio negar e trair Messias três vezes.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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