Delegado denuncia ‘bancada do crime’ no Congresso

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“Já foi apreendido celular de madeireiro em que estava a minha foto, e escrito embaixo: ‘Alvo a ser abatido’. Recentemente, eu sei, meu nome foi encontrado numa cela do PCC em Presidente Venceslau numa lista de pessoas marcadas, não sei se para morrer ou para serem localizadas, mas enfim existe esse risco, foi detectado (…) Mas porque isso acontece? Sem falar dos ataques em forma de Mandado de Segurança, que eu já respondi mais de 200, e procedimentos disciplinares. Você começa a ser incomodado de tudo quanto é lado. Agora, onde é que pega? Operacionalmente é fácil de resolver, detectou a balsa [de garimpo ilegal], vai lá e destrói a balsa. Isso, com regularidade, acaba caindo. Agora, o que ‘pega’ é quando chega a cobertura política dos criminosos, porque esses criminosos têm boa parte dos políticos da região Norte no bolso. E eu estou falando de governadores, senadores… Eu tenho uma coleção de ofícios de senadores dos diversos Estados da Amazônia, que mandaram para o meu chefe, pedindo, dizendo que eu estava ultrapassando os limites da lei, que eu estava comentando abuso de autoridade. Teve senador junto com madeireiro me ameaçando. Enfim, o que ‘pega’ é isso (…) Olha o Centrão, veja de onde saíram boa parte dos parlamentares do Centrão. São financiados por esses grupos, com certeza absoluta. Certeza absoluta. Olha, vou dizer nomes: Zequinha Marinho [senador pelo Partido Liberal do Pará], estava junto com [o então ministro do Meio Ambiente] Ricardo Salles no dia da Handroanthus [ação policial que, em dezembro de 2020, investigou madeireiras ilegais no Pará e Amazonas]; [os senadores] Telmário Mota e Mecia de Jesus [do Republicanos de Roraima], Jorginho Melo [do Partido Liberal, de Santa Catarina] mandou ofício; [a deputada do PL de São Paulo] Carla Zambelli foi lá defender madeireiro, também, com Ricardo Salles. Ou seja, nós temos uma bancada do crime. Uma bancada, na minha opinião, de marginais, de bandidos. Eles são bandidos, até pela forma como se comportaram no dia em fui convidado para ir na audiência [no ano passado] lá na Câmara dos Deputados, na Comissão de Legislação Participativa. Eu, que já fui a tantas audiências criminais, com advogados de criminosos sentados na minha frente, eu nunca fui tão desrespeitado pelos criminosos, ali presos, como naquele dia lá na Câmara. Os deputados estavam fazendo uma nítida defesa do crime. E, aliás, isso no Brasil virou moda (…) Eles [os parlamentares federais] tinham conhecimento do que estava acontecendo porque receberam laudos periciais que estavam em Mandado de Segurança mostrando, inequivocamente, que aquela madeira [131 mil metros cúbicos em toras apreendidas] tinha origem ilegal. E sabe qual é a maior prova de que eu estou falando a verdade? Já falei isso várias vezes: nunca me processaram, porque eu tenho, assim, dois carrinhos de supermercado de provas (…) É um absurdo. Parlamentares se mobilizarem desse jeito, como fizeram ali [no Congresso], então não tenho dúvida nenhuma de que praticaram um crime. E cobertos pela imunidade parlamentar. “

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