Aldo Rebelo, agora um democrata cristão, acusa Funai de servir ONGs estrangeiras

O ex-ministro Aldo Rebelo subiu o tom contra a Funai, acusou a autarquia de servir a ONGs estrangeiras e aproveitou o caso de Palmeira dos Índios (AL) para se reposicionar como nome nacional da Democracia Cristã (DC) na corrida ao Planalto em 2026. A fala mira o coração de um eleitorado sensível à pauta da terra, da produção e da soberania, e tenta preencher o vácuo da direita que vive tropeçando nos próprios cálculos.

No vídeo gravado no interior de Alagoas, Rebelo diz que a Funai decidiu demarcar como terra indígena 2/3 do município, uma área onde, segundo ele, vivem cerca de 10 mil pessoas e existem 2.500 propriedades familiares cadastradas como agricultura familiar. Ele afirma que até o Cristo Redentor da Serra do Goiti e áreas do conjunto Graciliano Ramos entrariam no perímetro. A denúncia política vem acompanhada de um alerta social, a maioria das propriedades teria até 10 hectares, abaixo do módulo rural local, que ele cita como 35 hectares.

A crítica mais explosiva está no alvo. Rebelo afirma que decisões desse tipo seriam “comandadas” por ONGs internacionais financiadas do exterior, e que prefeitos, câmaras municipais, associações locais, assembleia e governo estadual ficariam fora da conversa. Ele pede freio no poder da autarquia e enquadra o caso como “confisco” de terras públicas e privadas, com efeito direto sobre pequenos agricultores.

Enquanto o vídeo exibe o discurso de Aldo Rebelo, surgem imagens da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da presidenta da Funai, Joênia Wapichana, associadas à narrativa de alinhamento a ONGs internacionais. A mensagem encontra eco imediato em setores do agronegócio.

O movimento não é isolado. O Blog do Esmael já vinha registrando Rebelo como ator em ascensão no tabuleiro de 2026, com discurso nacionalista, briga por agenda própria e capacidade de gerar pauta no ecossistema digital, inclusive com gestos calculados para “viralizar” e ampliar alcance.

Nos bastidores, a aposta da DC em Aldo aparece como tentativa de substituir a tradição do “candidato carimbado” do partido por um nome com lastro de Estado, ex-presidente da Câmara e ex-ministro em áreas centrais. Colunistas e veículos têm relatado que João Caldas, presidente nacional da Democracia Cristã, trabalha para lançá-lo como presidenciável e que as conversas avançaram em 2025.

Nos elipses, Ricardo Gomyde, Ratinho Júnior e Aldo Rebelo. Foto: redes sociais.
Nos elipses, Ricardo Gomyde, Ratinho Júnior e Aldo Rebelo. Foto: redes sociais.

E aqui entra o nó da direita. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que era tratado por parte do mercado e do campo conservador como opção “mais palatável”, passou a sinalizar apoio a Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e negou, publicamente, que vá disputar o Planalto, o que reabre a disputa por protagonismo no campo antipetista.

É nesse corredor que Aldo tenta correr. Se Tarcísio vacila, seja por recuo estratégico, seja por submissão ao bolsonarismo, seja por perda de controle sobre a própria narrativa, quem aparece com discurso pronto, vídeo rodando e conflito montado ganha espaço, e Rebelo sabe operar essa lógica. Isso não é previsão, é a fotografia do jogo, quem não ocupa, é ocupado.

O mérito jornalístico do caso é exigir prova, transparência e devido processo. Se a demarcação for tecnicamente consistente, precisa ser explicada com dados e contraditório. Se estiver cheia de atalhos e desconsiderar a realidade municipal, vira combustível político perfeito para quem quer enquadrar o Estado como instrumento de interesses externos.

Aldo Rebelo escolheu um tema de alta combustão, terra, produção e soberania, para voltar ao centro e testar a viabilidade de um projeto presidencial pela Democracia Cristã. A Funai, o governo federal e as lideranças locais terão de responder com fatos, porque, quando o Estado se cala, a política grita.

Aldo Rebelo, natural de Viçosa, Alagoas, intensifica articulações em busca de um vice e, recentemente, visitou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Na sequência, o pai do mandatário paranaense, o apresentador Ratinho, divulgou um vídeo com elogios públicos ao agora democrata cristão. Em política, meia palavra basta para um bom entendedor.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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