Alberto Fernández leva comitiva argentina à Rússia e China em busca de acordos estratégicos
Em uma visita de três dias à China, o presidente argentino Alberto Fernández participou na quinta-feira (3) da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, no Estádio Nacional de Pequim, evento que sofreu boicote diplomático de diversos países como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido.
O mandatário pousou em solo chinês partindo de Moscou, onde também se reuniu com o presidente russo Vladmir Putin. Na China, também cumpre uma extensa agenda bilateral, onde busca estreitar laços com o governo chinês em busca de investimento em áreas como infraestrutura e energia.
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Além disso, uma das expectativas mais importantes sobre a visita de Fernández é a adesão da Argentina à Nova Rota da Seda. Em dezembro do ano passado, o chanceler argentino, Santiago Cafiero, confirmou que o país entraria na longa lista de países que aderem ao projeto chinês de promover rotas de trânsito marítimo com seus sócios globais na Eurásia, África e América Latina.
A reunião entre os mandatários Alberto Fernández e Xi Jinping acontecerá no domingo (6), no Grande Salão do Povo, onde a adesão deve ser concretizada.
A China é o principal parceiro comercial da Argentina, atrás apenas do Mercosul, sendo o segundo destino das exportações, com 8% do total, e o principal das importações (21%). Também é o principal investidor em energias renováveis na Argentina.
Em uma reunião com cônsules na embaixada argentina, Fernández anunciou nesta sexta-feira que um novo consulado será aberto na China. A proposta reforça o laço bilateral, acompanhando outro importante acordo que aconteceu na última terça-feira: a construção da quarta central nuclear argentina, Atucha III. O projeto firmado entre a estatal Nucleoelétrica Argentina (NASA) e a Corporação Nuclear Nacional da China contará com um investimento de mais de US$ 8,3 bilhões (R$ 44 bilhões). Será a primeira central nuclear construída no país desde 1981.
Agenda na China
Nesta manhã de sexta, o presidente argentino foi nomeado Professor Honoris Causa da Universidade de Tsinghua, onde se graduaram o próprio Xi Jinping e seu antecessor, Hu Jintao.
A comitiva argentina na China inclui governadores, um prefeito e uma secretária de esportes, que cumprirão agendas próprias em busca de investimento em infraestrutura e em suas áreas de interesse com o gigante asiático. Acompanham o presidente argentino os governadores de Buenos Aires, Axel Kicillof, de Catamarca, Raúl Jalil, e de Río Negro, Arabela Carreras; o prefeito de José C. Paz, Mario Ishii; o senador Adolfo Rodríguez Saá; o deputado federal Eduardo Valdés; a secretária de esportes, Inés Arrondo; além da assessora presidencial, Cecilia Nicolini, a porta-voz da presidência, Gabriela Cerruti, e o chanceler Santiago Cafiero.
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A viagem internacional terminará dia 8 de fevereiro, em Barbados. A visita tem carga simbólica, já que Barbados foi o último país a declarar independência da coroa britânica, com quem a Argentina enfrenta o conflito pelo território das Ilhas Malvinas.
Isso ocorre dentro de um contexto recente, em que o exército britânico reforçou a proteção aérea do território, o que foi considerado uma ofensiva pelo governo argentino.
Visita à Rússia
O último evento da agenda presidencial argentina antes de partir para a China foi um encontro entre Fernández e Vladimir Putin. O mandatário russo reforçou seu compromisso em realizar investimentos na Argentina no setor elétrico, gás, petróleo e indústria química.
No encontro bilateral, Alberto Fernández aproveitou para enviar uma mensagem taxativa: “A Argentina tem que deixar de ter uma dependência tão grande em relação ao FMI e aos Estados Unidos”, disse, referindo-se ao longo e duro período de tentativas de renegociar a dívida com o Fundo Monetário Internacional contraída pelo ex-presidente Mauricio Macri em 2018.
No encontro, Fernández também foi direto na abertura com a Rússia, anunciando o interesse de que a Argentina seja “a porta de entrada para que a Rússia entre na América Latina mais decididamente”.
Es un honor haberme reunido con Vladímir Putin, presidente de Rusia.
Tuvimos la oportunidad de intercambiar ideas sobre cómo podemos complementar mucho más el vínculo entre nuestras naciones. pic.twitter.com/ntmDGn6jtD
— Alberto Fernández (@alferdez) February 3, 2022
Publicação de: Brasil de Fato – Blog