Datafolha põe Lula à frente e acirra guerra entre Flávio e Tarcísio

A nova pesquisa Datafolha expôs o ponto fraco da direita na sucessão de 2026, com o presidente Lula (PT) ampliando a vantagem nos cenários decisivos e o sobrenome Bolsonaro se tornando o maior obstáculo do campo conservador.

O levantamento divulgado neste sábado (6) mostra Lula abrindo 15 pontos sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no segundo turno e mantendo vantagem contra os demais nomes da direita, com 5 pontos sobre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e seis sobre o governador Ratinho Jr. (PSD-PR).

Os números reforçam a leitura no Congresso e no centrão de que a “unção” de Flávio pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), preso por tentativa de golpe, nasceu sob forte rejeição e pode inviabilizar uma frente ampla da direita.

A pesquisa ouviu 2.002 eleitores entre terça (2) e quinta (4), captando o ambiente político às vésperas da oficialização de Flávio como herdeiro político do ex-presidente.

Lula aparece com 51% contra 36% de Flávio no segundo turno, três pontos acima do cenário de julho. A rejeição ao clã Bolsonaro pesa mais que o recall eleitoral. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) recua e Michelle Bolsonaro (PL-DF) também não rompe o teto do bolsonarismo.

No caso de Tarcísio, Lula vence por 47% a 42%. O paulista sustenta competitividade, mas não rompe o patamar de cinco pontos que separa o governador do presidente. Ratinho Jr. segue no mesmo bloco: 47% a 41%.

Esses dados mexem diretamente no tabuleiro do centrão, que continua vendo Tarcísio como nome mais viável, enquanto avalia que Flávio fragmenta, divide e não agrega apoios externos ao bolsonarismo raiz.

Nos bastidores, dirigentes do MDB, União Brasil, PP e PSD enxergam o gesto de Bolsonaro como tentativa de manter o sobrenome no jogo, mesmo que o custo eleitoral seja alto demais para alianças amplas. Também, não é de somenos, contintui-se em moeda de troca para abreviar o encarceramento do ex-presidente, que cumpre em regime fechado 27 anos e três meses pela tentativa de golpe de Estado.

A escolha do senador, dizem caciques, pode até não sobreviver ao calor das próximas semanas. Um alerta que pesa é a rejeição: Flávio tem 38%, Eduardo 37% e Michelle 35%, índices altíssimos para quem nunca disputou a Presidência.

Do outro lado, Tarcísio e Ratinho Jr. ostentam rejeição de 20% e 21% nacionalmente, números baixos que estimulam conversas discretas sobre um “plano B” caso a aventura do “Flávio 2026” não resista.

Ratinho Jr. tenta ampliar sua presença no Nordeste e mantém conversas frequentes com o ex-ministro Aldo Rebelo, de Alagoas, filiado ao MDB, para discutir a possibilidade de uma composição como vice em uma eventual chapa do governador paranaense. Nos bastidores, o movimento ganhou combustível após o apresentador Ratinho, pai do governador, publicar um vídeo recente repleto de elogios a Aldo.

A avaliação segmentada também preocupa o Planalto. Entre os evangélicos, Lula segue fraco, com apenas 21% de aprovação. Entre quem ganha mais de cinco salários mínimos, a reprovação chega a 53%. No Sul, é de 45%.

Esses flancos vulneráveis explicam por que Lula mantém vantagem no agregado, mas acende luzes amarelas em setores estratégicos para 2026. O presidente tem 32% de aprovação e 37% de reprovação, quadro estável, porém travado.

O Datafolha ainda simulou o cenário hipotético de Jair Bolsonaro contra Lula. O petista abre nove pontos. Mesmo preso e inelegível, o ex-presidente funciona como termômetro da fadiga do bolsonarismo.

Analistas políticos interpretam que a insistência do PL no nome de Flávio é menos eleitoral e mais tática. A pressão por anistia aos condenados pelo golpe, que o senador defendeu publicamente, confirma esse movimento.

No primeiro turno, Lula mantém 41% em todos os cenários testados. Flávio e Eduardo variam pouco, sempre atrás. Michelle apresenta desempenho melhor, mas sem romper o núcleo radicalizado. Já Tarcísio chega a 23% e Ratinho Jr. a 11%, consolidando-se como alternativas mais palatáveis para segmentos menos extremistas.

A pesquisa, por enquanto, cristaliza duas mensagens: Lula segue favorito, embora com vulnerabilidades reais; a direita vive um desarranjo profundo, ampliado pela prisão do seu principal líder e pela escolha improvisada de seu sucessor.

Na política, nenhum vácuo dura muito. E o Datafolha desta rodada empurra os partidos conservadores a acelerar a discussão sobre qual nome terá força real para enfrentar o presidente em outubro de 2026.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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