Documentário sobre estudante da PUC-SP assassinado pela ditadura militar será lançado hoje no campus Perdizes

Sessão do filme que retrata trajetória do guerrilheiro Carlos Eduardo Pires Fleury será exibida às 9h30, na sala 333, e terá a presença do ex-ministro José Dirceu, que além de amigo também era estudante de Direito da PUC

Da redação

No ano em que completaria 80 anos de vida, Carlos Eduardo Pires Fleury recebe uma linda homenagem do Centro Acadêmico 22 de Agosto, do curso de Direito que ele frequentou até entrar para a clandestinidade no final dos anos 1960, e da TV-PUC.

O documentário Carlos Eduardo Pires Fleury: da PUC-SP à Revolução retrata sua trajetória na Faculdade de Direito da PUC, na ALN, a Ação Libertadora Nacional, e no Molipo, o Movimento de Libertação Popular, organizações guerrilheiras de combate à ditadura militar.

Descrito pelos contemporâneos de militância como um quadro brilhante tanto do ponto de vista político como acadêmico, Fleury era um líder nato. Teve papel de destaque no movimento estudantil, nas organizações guerrilheiras que integrou, assim como no período em que esteve preso.

Comandou o GTA, Grupo Tático Armado, da ALN. O Grupo recebeu o nome de tático, porque a estratégia era a construção da guerrilha rural, não a urbana.

O GTA da guerrilha na cidade cumpria o papel de arrecadar fundos para a implantação da guerrilha no campo e para divulgar as ideias da revolução que estava em curso.

Preso no final de setembro de 1969 foi brutalmente torturado no DOI-Codi de São Paulo e posteriormente transferido para o Presídio Tiradentes, também na capital paulista.

Foi libertado ao ser trocado com mais 39 presos políticos em junho de 1970, após a captura do embaixador alemão, Ehrenfried Von Holleben, por guerrilheiros da ALN e VPR, Vanguarda Popular Revolucionária. Banidos do país, seguiram para a Argélia. De lá, Fleury foi para Cuba, onde fez treinamento de guerrilha.

Com outros 27 companheiros de luta da ALN fundaram, ainda na Ilha, o Molipo, o Movimento de Libertação Popular, um racha de sua antiga organização. Ficaram conhecidos como o Grupo da Ilha ou os 28 da Ilha.

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De volta ao Brasil para continuar a luta contra a ditadura, Carlos Eduardo Pires Fleury acabaria morto pela repressão aos 26 anos de idade, em 10 de dezembro de 1971, no Rio de Janeiro. As circunstâncias de sua morte até hoje são desconhecidas.

Filosofia da USP

No ano passado, Fleury também foi homenageado pela USP, onde cursava Filosofia concomitantemente com o curso de Direito da PUC-SP.

Diplomas honoríficos em homenagem a ele e a mais 14 estudantes da antiga Faculdade de Filosofia da USP da Maria Antônia, mortos e/ou desaparecidos pela repressão, foram entregues como reconhecimento da vida acadêmica ceifada pela truculência das forças da ditadura militar.

O nome dele também integra os memoriais da USP, no campus da Cidade Universitária, e da PUC-SP em homenagem aos ex-alunos mortos e desaparecidos pela ditadura militar.

O ex-ministro José Dirceu é uma das presenças confirmadas no lançamento do documentário

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Publicação de: Viomundo

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