Prisão domiciliar de Bolsonaro é ‘prenúncio do que está por vir’, diz cientista político

O cientista político Paulo Nicoli Ramirez avalia que a decretação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, nesta segunda-feira (4), era esperada diante dos sucessivos descumprimentos das medidas cautelares impostas pelo Judiciário.

“Bolsonaro, de fato, dobrou a aposta, menosprezou a decisão da Justiça e, consequentemente, como havia um ‘aviso prévio’, Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar. Eu diria que ainda é pouco, mas já é um prenúncio do que está por vir entre setembro e outubro: a prisão do Bolsonaro em cela, conduzido a um presídio”, afirma em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

O especialista prevê que, uma vez condenado, o ex-presidente ficará em uma prisão militar ou numa cela especial da Polícia Federal. Bolsonaro é réu no STF por tentativa de golpe de Estado, após perder as eleições em 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a sua condenação no último dia 15.

De acordo com Ramirez, a participação de Bolsonaro por vídeo nos atos que defendiam a sua anistia, no domingo (3), configura uma violação clara da decisão judicial. Fotos do ex-presidente utilizando o celular para este fim foram divulgadas pela sua própria assessoria.

Com tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhou os ato bolsonarista na Av. Paulista, em SP, da sua casa
Com tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhou ato bolsonarista na Avenida Paulista, em SP, da sua casa. Foto: Assessoria de Imprensa de Bolsonaro | Divulgação/Assessoria de Jair Bolsonaro

“Estava explícito no documento emitido por Alexandre de Moraes […] que Bolsonaro não poderia espontaneamente apresentar a sua imagem em qualquer fala, já que isso poderia prejudicar o andamento do processo”, aponta.

Ser bolsonarista é ‘pior estratégia possível’ para 2026

A decisão, diz o professor, tende a ter efeitos políticos sobre o campo bolsonarista. “A bolha está explodindo. […] Como ano que vem teremos eleições, nenhum político quererá ser associado ao Bolsonaro. O bolsonarismo hoje, como nunca, é sinônimo de antinacionalismo. […] Ser bolsonarista hoje é a pior estratégia possível”, observa, lembrando da tentativa de interferência no julgamento por parte da família Bolsonaro, junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo o analista, a manifestação em apoio ao ex-presidente teve pouca adesão e grande parte do público foi mobilizada por igrejas evangélicas ligadas ao bolsonarismo. “Seja porque as igrejas pagaram o transporte, ou até mesmo por pressão de ordem psicológica – coisa que os pastores fazem negativamente com muita eficiência”, aponta.

Ramirez destaca que, ao contrário do que a extrema direita pode alegar, a prisão “não se trata de uma limitação da liberdade de expressão de Bolsonaro, trata-se, na verdade, de permitir que a Justiça possa exercer o seu ofício, sem nenhum tipo de intervenção externa ou interna”, explica. “Seria mais ou menos como um traficante, um líder de uma quadrilha, continuar se comunicando via celular, em público, e continuar conspirando contra a Justiça”, compara.

“É preciso aceitar, que temos, na política, as regras do jogo. Perdeu a eleição? Perdeu a eleição. […] A esquerda predominante aqui no Brasil é constitucionalista, segue as regras do jogo, […] coisa que os bolsonaristas não respeitam. Por isso mesmo que, nesse caso específico, é preciso dar apoio ao Alexandre de Moraes”, defende o cientista político.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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Publicação de: Brasil de Fato – Blog

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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