Tornozeleira, restrições e prisão: cerco se fecha sobre Bolsonaro e aliados no STF

O clima é de cerco iminente. A menos de dois meses da previsão de que Jair Bolsonaro (PL) pode ser preso, os sinais se multiplicam: tornozeleiras, restrições digitais, investigações e manifestações públicas de insatisfação da extrema-direita. O Supremo Tribunal Federal (STF), sob comando de Alexandre de Moraes, acelerou o passo. O bolsonarismo, acuado, reage nas redes e nas ruas, sem unidade e com medo.

O episódio mais emblemático desta segunda-feira, 4 de agosto, foi a imposição de tornozeleira eletrônica ao senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, um dos rostos do bolsonarismo no Senado. A medida foi aplicada por Moraes assim que ele desembarcou dos Estados Unidos, onde havia passado o recesso. Imediatamente, bolsonaristas reagiram, e um aliado chegou a dizer que “só falta tirar a alma”.

Simultaneamente, o senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, apagou de suas redes sociais um vídeo em que o pai, Jair Bolsonaro, aparece falando por telefone com manifestantes na orla de Copacabana. O receio é de que o vídeo, publicado no domingo, 3 de agosto, configure descumprimento de medida cautelar imposta pelo STF, que proíbe o ex-presidente de se manifestar publicamente, mesmo que de forma indireta.

Moraes isola Marcos do Val e eleva a tensão no Senado

A reação ao caso de Marcos do Val veio em bloco. O Podemos, partido do senador, divulgou nota de repúdio às medidas impostas por Moraes. Senadores da oposição ao governo Lula acusaram o STF de exceder os limites constitucionais. O gabinete do próprio senador afirmou que as restrições impedem o pleno exercício do mandato.

A situação se agrava quando se considera que Marcos do Val é autor de um projeto que prevê recompensa em dinheiro para policiais que apreenderem armas ilegais, com apoio do senador Flávio Bolsonaro. A proposta deve ser votada nesta terça-feira, 5 de agosto, na Comissão de Segurança Pública do Senado. Em paralelo, Flávio classificou como erro estratégico gigante a ausência de governadores bolsonaristas nos atos de domingo.

Restrições judiciais, tornozeleira e vídeo apagado: sinais de prisão no horizonte

O episódio do vídeo deletado por Flávio reforça uma percepção que cresce nos bastidores de Brasília: a de que o STF pode decretar a prisão de Jair Bolsonaro ainda neste semestre, caso entenda que há reincidência ou tentativa de burlar decisões judiciais.

A estratégia da defesa, até aqui, tem sido reduzir aparições públicas e manter silêncio tático. Mas a base bolsonarista cobra ação. O núcleo político pressiona por ruptura, enquanto o núcleo jurídico pede recuo. No meio, Bolsonaro parece inerte e isolado.

Enquanto isso, Moraes negou pedido da defesa do coronel Jorge Naime, réu pelos atos golpistas de 8 de janeiro, para adiar o julgamento da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal. A mensagem institucional é clara, não haverá mais concessões nem postergações.

Rumo à prisão ou tentativa de reinvenção da extrema-direita?

Para setores do PL e da extrema-direita, o avanço das medidas judiciais impõe uma mudança de rota. Uma das apostas é acelerar o Plano B para 2026, seja com Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro ou até mesmo Aldo Rebelo, como revelou o Blog do Esmael.

Enquanto a prisão não se materializa, Bolsonaro ainda é polo simbólico da oposição radical. A construção da narrativa de mártir já está em curso, com atos de rua, vídeos emocionais e tentativa de enquadrar o STF como poder autoritário. Mas falta musculatura partidária e base parlamentar sólida para sustentar o discurso.

O cerco se fecha, e o bolsonarismo caminha no fio da navalha

A prisão de Jair Bolsonaro já não é mais hipótese remota, é um vértice político em desenvolvimento. Cada decisão do STF, cada deslize da família Bolsonaro compõe um cenário que se aproxima de um divisor de águas histórico.

A tornozeleira em Marcos do Val, o vídeo apagado por Flávio e o cerco às redes sociais são sintomas de um bolsonarismo sob contenção judicial, acusado de usar meios digitais para obstruir investigações. Mas também expõem um núcleo radical que ainda aposta no confronto direto com as instituições como estratégia de sobrevivência.

A pergunta que ecoa no Planalto Central não é se Bolsonaro será preso, mas quando, e com que impacto eleitoral esse eventual encarceramento terá sobre o futuro da extrema-direita.

O Blog do Esmael seguirá atento a cada movimento deste tabuleiro, com ouvidos nos bastidores e olhos fixos nas entrelinhas do poder.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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