Mutirão: 45 hospitais universtários federais mostram que o público funciona e toda a rede SUS pode fazer muito mais pela população
Por Conceição Lemes
No sábado, 5 de julho, 45 hospitais universitários (HU) fizeram mutirão simultâneo para aumentar o atendimento em saúde e diminuir o tempo de espera da população.
Foram realizados 12.464 procedimentos: 10.160 exames, 1.244 consultas e 1.060 cirurgias.
Tudo em instituições 100% públicas e estatais do Sistema Único de Saúde — o SUS
Isso foi possível devido à parceria entre a Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), e o programa ‘Agora Tem Especialistas’, do Ministério da Saúde.
A atividade ganhou o nome de Dia E – Ebserh em Ação, mutirão Agora Tem Especialistas.
Atente ao mapa abaixo. Os 45 hospitais universitários federais envolvidos no mutirão são da Rede Ebserh, bem como os cerca de 2 mil profissionais mobilizados para os atendimentos.
Ou seja, o mutirão foi realizado nestes 24 estados brasileiros:
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- Alagoas
- Amazonas
- Amapá
- Bahia
- Ceará
- Distrito Federal
- Espírito Santo
- Goiás
- Maranhão
- Mato Grosso do Sul
- Mato Grosso
- Minas Gerais
- Pará
- Paraíba
- Paraná
- Pernambuco
- Piauí
- Rio de Janeiro
- Rio Grande do Norte
- Rio Grande do Sul
- Santa Catarina
- São Paulo
- Sergipe
- Tocantins
Em Mato Grosso do Sul, os mutirões ocorreram em dois HU: o da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HU-UFMS) e o da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD).
O HU-UFMS, em Campo Grande, realizou 169 atendimentos no sábado.

Ronaldo de Souza Costa, Janaína Pontes, Andrea Lindenberg e Camila Ítavo. Foto: Ebserh
Acompanharam a atividade a reitora da UFMS, Camila Ítavo, a superintendente do HU, Andrea Lindenberg, o superintendente do Ministério da Saúde em MS, Ronaldo de Souza Costa, a assessora de controle interno da Ebserh, Janaína Pontes, e o senador Nelsinho Trad (PSD/MS).
Janaína foi especialmente de Brasília para acompanhar os atendimentos no HU-UFMS.
“Hoje nós temos, ao mesmo tempo em todo o país, essa ação integrada com os 45 hospitais da rede, atendendo pacientes regulados, principalmente nas especialidades de ginecologia, ortopedia, oncologia, além da realização de exames e procedimentos. Tudo isso contando com o trabalho de profissionais e estudantes da saúde, como os residentes”, informou aos jornalistas presentes.
A superintendente do HU-UFMS, doutora Andrea Lindenberg, salientou:
— Nós estamos adiantando procedimentos de imagem, cirúrgicos para tentar diminuir um pouco a lista de pessoas que estão esperando procedimentos.
— Nós somos um hospital 100% SUS. E, por sermos um hospital universitário, entendemos que o nosso papel, a nossa missão, é aliar a assistência com a formação de novos profissionais.
Em entrevista à imprensa, o doutor Ronaldo de Souza Costa, superintendente do Ministério da Saúde em MS, frisou: ”Os ministérios da Saúde e da Educação fizeram essa parceria para acelerar a questão dos procedimentos especializados”.
Ele também destacou o tamanho da rede Ebserh, o seu potencial e o do MEC:
— Nós temos uma rede de 45 hospitais universitários, 22 mil profissionais especialistas, só de cirurgiões são 5 mil.
— O MEC tem mais de 20 mil residentes em formação permanente através dos seus hospitais universitários. Nós precisamos potencializar esses profissionais para atender o Sistema Único de Saúde.

A equipe de profissionais de saúde que realizou os procedimentos no HU-UFGD. Foto: Ebserh
O mutirão no HU-UFGD foi entusiasticamente apoiado por sua comunidade.
O reitor, professor Jones Dari, a vice-reitora, professora Cláudia Gonçalves de Lima, o superintendente do HU, doutor Hermeto Pascoalick, junto com a doutora Sílvia Uehara, da Superintendência do Ministério da Saúde em MS, acompanharam tudo.
Todos na foto abaixo, em defesa do SUS.

Em peso, UFGD e seu HU deram força ao mutirão.Na frente, da esquerda para a direita: Marcos Luís Faleiros (setor contratualização e regulação do HU); Terezinha Picolli (secretária adjunta da Saúde de Dourados); professora Cláudia Gonçalves de Lima (vice-reitora); Maria da Conceição (advogada do HU de Campo Grande), doutor Hermeto Pascoalick, superintendente do HU-UFGD, Larissa Lobo (assessora jurídica da Ebserh Brasília), Tiago Amador (gerente assistência à saúde do HU), vereador Flanklin e Daniel Silva Santos (enfermeiro do centro cirúrgico). Atrás, também da esquerda para a direita: Mara Vermieiro (unidade do bloco cirúrgico); Fabricia Erani (unidade de ambulatório); Eliane Bergo (regulação interna das listas cirúrgicas); professor Jones Dari (reitor), Silvia Uehara (superintendência estadual do MS), ítalo de Farias (advogado Ebserh) e Graciela Bet (unidade de segurança do paciente). Foto Ebserh
“Ampliar em 40% o atendimento nos hospitais universitários”
Já estão agendados os próximos mutirões nos 45 hospitais universitários federais da rede.
Serão em setembro e dezembro.
”O Dia E [de Ebserh] está alinhado ao programa ‘Agora tem Especialistas’, lançado pelo governo federal”, expôs Arthur Chioro, presidente da Ebserh.
Para Alexandre Padilha, ministro da Saúde, ”o envolvimento dos hospitais universitários federais, coordenados pela Ebserh, é decisivo para garantir a formação de novos especialistas e a ampliação da capacidade de atendimento à população”.
Chioro informou que a orientação é que os hospitais universitários federais ampliem o horário de funcionamento com um terceiro turno, incluindo atendimentos aos sábados e domingos.
“Vamos utilizar essa rede de hospitais universitários públicos, que é a maior do hemisfério sul global, para reduzir tempo de espera e garantir um atendimento mais rápido para a população”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana, na quarta-feira passada, 2 de julho, em entrevista coletiva.
Segundo o ministro, são 87 mil profissionais de saúde, mais de 55 mil alunos da graduação e mais de dez mil médicos residentes. Desses 87 mil, 22 mil são médicos especialistas, sendo 5 mil cirurgiões.
A ideia é continuar fazendo mutirões ”para ampliar em 40% o atendimento nos hospitais universitários”, disse Santana.
A propósito, no último sábado, inequivocamente, os 45 hospitais universitários federais vinculados à Ebserh demonstraram que:
1) A rede pública funciona. Os 2 mil profissionais dos 45 HU envolvidos na ação realizaram 12.464 procedimentos.
2) Têm capacitação e condição de fazer muito mais pela população brasileira, já que possuem capacidade resolutiva: estrutura + instalações + equipamentos + insumos + recursos humanos.
É a conclusão que, leiga e empiricamente, chego olhando os vários números divulgados.
Apenas para efeitos de raciocínio, imaginemos esses 2 mil profissionais trabalhando 22 dias no mês (sábados e domingos excluídos), e executando 12.464 procedimentos assistenciais diários, ou seja, o mesmo volume do último sábado.
Nós teríamos 274.208 atendimentos estimados por mês (12.464 x 22) e 3.290.456 estimados por ano (274.208 x 12).
Agora, se considerarmos que os 45 HU federais têm 22 mil especialistas, o número de procedimentos estimados por ano seria de 36.195.456 (3.290.456 x 22.000÷2000).
E, atualmente, quantos estão fazendo por dia, mês e ano???
O fato é que o Dia E serviu para revelar todo esse potencial produtivo.
Vale lembrar que, além dos 45 HU, temos a rede própria de hospitais do SUS federal, estaduais, municipais, os institutos nacionais, o GHC (Grupo Hospitalar Conceição).
Seria fundamental, portanto, que se aplicassem as medidas necessárias para todo o potencial produtivo dos serviços realmente se efetivar em favor da população brasileira.
Seria ótimo também se a Ebserh passasse a publicar todos os dias úteis a produção de cada um dos 45 HU, a exemplo do que fez no Dia E, mutirão do Agora Tem Especialistas.
Parêntese. Na terça-feira, o Viomundo solicitou à assessoria de imprensa da Ebserh a quantidade de atendimentos de cada HU. Assim que nos informarem esses dados, incluiremos aqui.
Voltando à divulgação da produção. Ela nos permitiria acompanhar no dia a dia a execução dos procedimentos assistenciais realizados nos hospitais universitários da rede.
Afinal, transparência é fundamental. A população brasileira tem o direito de saber.
Por fim:
1) Está na hora de todas instituições que receberam financiamento para construção, infraestrutura, equipamentos e remuneração de especialistas com recursos públicos, acolherem o chamado do presidente Lula para atender à população.
2) Está na hora também de o governo Lula passar a investir maciçamente na estruturação da rede pública, em vez de entregar recursos cada vez mais volumosos do SUS para as empresas privadas da saúde. Funcionar, a rede pública funciona, como ficou comprovado no último sábado. Basta lhe dar condições, investir na carreira-SUS e monitorar em tempo real a estrutura e a produção.
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Publicação de: Viomundo