Bolsonarismo reage à pesquisa Datafolha e questiona governo Lula
A mais recente pesquisa do Datafolha sobre a avaliação do governo Lula (PT), divulgada na terça-feira (17), provocou reações inflamadas no campo bolsonarista. Fabio Wajngarten, ex-ministro da SECOM e um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), usou as redes sociais para questionar os números e reforçar críticas à atual gestão.
Wajngarten apontou que, ao comparar os dois primeiros anos de mandato de Lula e Bolsonaro, o ex-presidente apresentou índices de aprovação ligeiramente superiores (37% contra 35% de Lula) e menor rejeição (32% contra 34%). Para ele, os dados refletem o que chamou de “decepção com o desgoverno Lula”, destacando a alta inflação e a perda do poder de compra como os principais problemas enfrentados pelos brasileiros.
O levantamento mostra um empate técnico entre aprovação e reprovação: 35% avaliam o governo como ótimo ou bom, enquanto 34% o consideram ruim ou péssimo. Outros 29% classificam como regular, e 1% não soube opinar. Em relação à rodada de outubro, houve uma leve piora dentro da margem de erro, com o índice de ótimo/bom caindo um ponto e o de ruim/péssimo subindo dois.
Quando se trata de expectativas para os próximos dois anos, a situação é delicada. Apenas 38% acreditam que o restante do mandato será ótimo ou bom, número inferior aos 50% registrados no início do governo. Já 34% preveem um desempenho ruim ou péssimo, o maior índice desde janeiro de 2023.
Entre os entrevistados, 58% afirmaram que Lula fez menos do que esperavam, e somente 15% disseram que ele superou as expectativas. Esses números acendem um alerta no Planalto, especialmente diante da crescente insatisfação com os rumos da economia.
Embora problemas econômicos como inflação e desemprego não estejam entre as preocupações mais citadas espontaneamente — saúde (21%) e segurança pública (12%) lideram —, há sinais de que essas questões estão ganhando força. O pacote fiscal de Fernando Haddad, com cortes de gastos e mudanças no Imposto de Renda, divide opiniões e parece não ter surtido o efeito esperado na melhora da percepção do governo.
Se comparado a outros presidentes no mesmo período de mandato, Lula tem um desempenho abaixo do registrado em sua primeira passagem pelo Planalto (45% de aprovação em 2005). Sua sucessora, Dilma Rousseff, alcançou impressionantes 63% no mesmo período, antes de enfrentar uma forte crise política que culminou em seu impeachment.
O cenário atual também remete aos índices de Bolsonaro, que no fim de 2020 registrava 37% de aprovação, mesmo lidando com os impactos da pandemia. Para os bolsonaristas, os números demonstram que, mesmo em momentos de crise, a gestão do ex-presidente foi melhor avaliada.
A polarização política segue como pano de fundo dessas avaliações. Lula ainda tem aprovação significativa entre os mais pobres (44%) e no Nordeste (49%), mas enfrenta resistência na classe média, entre evangélicos e entre os mais ricos, onde sua reprovação supera 40%.
Para o bolsonarismo, o momento é visto como uma oportunidade de recuperar terreno, especialmente com o desgaste do governo petista. Fabio Wajngarten e outros aliados de Bolsonaro têm usado os números para reforçar narrativas de que a gestão atual não entregou o que prometeu.
Enquanto isso, no Planalto, a dificuldade de Lula é reconquistar a confiança de quem se sente decepcionado e enfrentar as turbulências econômicas que se avizinham. O caminho até 2026 será longo e cheio de obstáculos, com a oposição atenta a cada movimento do presidente.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael