Participação civil: movimentos populares se reúnem pela primeira vez com equipe de transição
Representantes de movimentos populares se reuniram pela primeira vez nesta quinta-feira (17), em Brasília (DF), com interlocutores ligados ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT). Eles foram recebidos pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, que coordena a articulação política do processo de transição.
Estiveram presentes lideranças de diferentes segmentos, com destaque para nomes vinculados às Frentes Brasil Popular (FBP) e Povo sem Medo, as duas mais representativas do país, que reúnem dezenas de entidades cada, entre movimentos, sindicatos, coletivos e outros atores civis.
Guilherme Boulos, um dos principais nomes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e figura de peso do campo popular organizado, esteve entre os participantes do encontro. Também compareceu, por exemplo, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), Aristides Santos.
“É um momento de congratulação dos movimentos que construíram a campanha [eleitoral] desde a pré-campanha e desde a luta pelo ‘Lula Livre’. Chegar agora e ter a oportunidade de ter uma conversa institucional, o que a gente não tem há tantos anos por canal nenhum com o governo, é motivo de muita alegria para todos os momentos”, disse ao Brasil de Fato o militante Marcelo Fragozo, que atua como secretário da FBP e da Povo sem Medo.
Ele destaca que “não é um momento de cobranças”. “Não nos interessa sair dessa reunião como se fosse um momento de reclamação, de reivindicação, porque as reivindicações estão sendo atendidas pela comissão de transição”, acrescenta Fragozo.
O segmento civil está representado na equipe que cuida do processo de transição em diferentes áreas temáticas, como nos grupos técnicos (GTs) de Desenvolvimento Agrário, Educação e Igualdade Racial.
Além do MTST e da Contag, figuram também a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contraf), o Fórum Baiano da Agricultura Familiar, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a Uneafro Brasil, a Coalizão Negra e o Movimento Negro Unificado (MNU).
Entre outros assuntos, os interlocutores presentes na agenda com Gleisi ficaram de levantar a lista de entidades civis que estão participando da transição. A reunião foi solicitada pelas próprias lideranças civis, que pretendem solidificar a relação histórica mantida pelo segmento com Lula e atores do PT, partido que ocupou a Presidência da República entre 2003 e 2016.
De acordo com Fragozo, o encontro desta quinta-feira tem, em primeiro plano, um papel simbólico, no sentido de demarcar a presença do campo progressista civil nas agendas da transição. Ele acrescenta que a reunião não teve foco em temas específicos pelo fato de os diferentes subtemas de interesse do segmento já estarem representados nos GTs criados pela coordenação de transição, que conta com 31 áreas temáticas.
“Foi pra conversar um pouco sobre qual é a perspectiva da transição de governo sobre esse tema da participação da sociedade, da relação com os movimentos sociais. Ficamos de conversar mais sobre esse ponto e também conversamos sobre a mobilização popular para a posse do presidente Lula. Esse foi o principal tema da reunião. A ideia é fazer uma grande festa de manifestação popular em Brasília”, disse Fragozo, sem dar detalhes.
Uma nova agenda do grupo está marcada para ocorrer na tarde desta sexta-feira (18), mas por enquanto não há mais informações sobre o encontro. Além disso, as organizações preparam uma plenária nacional dos segmentos populares para o próximo dia 7, quando deverão ser acertados detalhes sobre a operação a ser adotada na posse de Lula.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog