Boric exalta Allende ao votar em nova Constituição
Cerca de 15 milhões de chilenos e chilenas votam neste domingo (4) para a aprovação ou rejeição da nova Constituição do país, escrita por um grupo de 155 constituintes composto por homens e mulheres.
O voto no plebiscito constitucional sobre a nova Carta Magna, que pode substituir a constituição instituída na ditadura de Augusto Pinochet (1915-2006), é obrigatório para todos os cidadãos maiores de 18 anos.
O presidente Gabriel Boric votou pela manhã no sul do país, na cidade de Punta Arenas. Ao lado do pai e do irmão, que foi agredido na última quinta-feira (1), ele pediu para que todos saíssem para votar tranquilamente e que “esperem os resultados com confiança”.
Boric também disse que, seja qual for o resultado do pleito, irá unir nesta segunda feira (5) simpatizantes do “Aprovo” e do “Rejeito”, para dialogar sobre os rumos do processo.
“Hoje nos estão olhando desde todo o mundo. No Chile, nós resolvemos os problemas com mais democracia, não com menos”, comentou, fazendo uma saudação ao ex-presidente Salvador Allende, que foi eleito em 4 de setembro de 1970.
Já a ex-presidenta Michelle Bachelet também votou pela manhã, em Genebra. “Temos de ter um marco jurídico que permita igualdade para todos e todas. Estou muito contente porque todo o processo que se gerou no Chile e que nos levou ao plebiscito é um processo democrático, participativo, que significa que, como chilenos, somos capazes de continuar melhorando a democracia”, declarou.
Na mesa em que votou Bachelet, a contagem dos votos já foi encerrada, dando vitória ao “Aprovo” por 201 votos contra 74 a favor do “Rejeito”.
O ex-candidato a presidente do Chile e ex-ministro Joaquín Lavín explicou os motivos para ter votado contra a aprovação da nova Carta Magna. Segundo ele, caso o “Rejeito” receber a maioria, uma nova constituição deve ser feita, e desta vez, sendo aprovada por 80% da população.
“No meu caso pessoal, você sabe que no plebiscito inicial votei Aprovar, porque quero uma nova Constituição, e acho que o Chile precisa, mas infelizmente essa que escreveram não é boa, nos divide. Eu queria uma Constituição que lembrasse a social-democracia europeia, mas não o Equador ou a Bolívia”, declarou Lavín.
Por sua vez, Jorge Sharp, prefeito de Valparaíso, se manifestou afirmando que a aprovação “vai ganhar com folga”.
Consultado pela imprensa, o ex-presidente Ricardo Lagos optou por esconder sua preferência nas urnas: “Votei definitivamente de acordo com as regras que estão estabelecidas e onde o voto é secreto”.
Ao votar em Santiago, o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Giorgio Jackson, destacou que em qualquer um dos cenários vencedores, é importante que o país mantenha uma “unidade”, reafirmando o compromisso de Boric.
“Todos nós temos que estar juntos tentando melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos do nosso país, amanhã, independentemente do resultado, tentaremos chegar a um acordo”, disse.
Os primeiros resultados oficiais devem ser divulgadas uma hora após o fim da votação, por volta das 19h (hora local) e 20h (horário de Brasília), de acordo com o Serviço Eleitoral do Chile.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog