Venezuela denuncia participação de governo Bolsonaro em resgate de mercenário venezuelano

O ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, disse nesta quinta-feira (13) que o governo brasileiro esteve envolvido no resgate do mercenário venezuelano, Damian Alexander Rojas Díaz, em 2019, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Segundo Cabello, o Exército do Brasil enviou um helicóptero para resgatar o homem que já estaria em território brasileiro. 

Em coletiva de imprensa, o ministro apresentou um vídeo com um depoimento de Díaz afirmando que tinha como objetivo promover um atentado no Forte Conopoima, no estado de Guárico. Cabello disse que essa operação foi coordenada por um grupo terrorista e teve a participação de governos estrangeiros, incluindo o governo de Bolsonaro. 

“Este homem diz que foi extraído da selva por um helicóptero do Exército brasileiro. O Brasil sabia o que havia acontecido na Venezuela e o Exército brasileiro os tira da selva e os leva para um lugar em outra cidade. Eles os mantêm lá por 20 dias e depois os libertam. Este mesmo senhor confessa”, afirmou Cabello.

Ainda segundo o ministro, o governo do Peru também ajudou a refugiar esses terroristas “sem tomar medidas sobre isso”. 

Durante a coletiva, Cabello também afirmou que novos planos da extrema direita foram “desmantelados”. Chamada de Operação Aurora, os planos de ataque tinham como objetivo atacar unidades militares no estado de Bolívar. Segundo o ministro, essas operações eram planejadas desde 2019 e levaram à prisão de vários mercenários.

Essa operação teria começado em um ataque a uma unidade militar em Bolívar. Os autores teriam fugido para a Colômbia. Cabello também apresentou um vídeo de um dos presos afirmando que uma parte dos mercenários fugiram pelo território braileiro até Díaz ser resgatado pelas Forças Armadas do Brasil. 

O ministro afirma ainda que este mercenário voltou à Venezuela em dezembro de 2024 para tentar um novo ataque a unidades militares. Em 2019, as relações diplomáticas entre Venezuela e Brasil estavam rompidas. A decisão foi tomada durante a gestão de Michel Temer e a reabertura das embaixadas só aconteceu no governo Lula, em 2023.

O governo Maduro já havia denunciado outra ajuda do governo brasileiro, em 2019, a militares desertores. Na ocasião, eles participaram de um plano para atacar uma unidade militar em Gran Sabana, no estado de Bolívar. Eles fugiram para o Brasil e foram identificados por uma patrulha da policia de Roraima, que os levou para a Operação Acolhida e pedir refúgio no Brasil. 

O próprio Maduro questionou a ajuda do governo brasileiro aos militares e disse que foi levado ao Brasil um lote de armas roubadas. 

Outras operações

Desde sua primeira posse em 2013, Nicolás Maduro enfrenta uma série de planos e tentaivas de derrubar seu governo. Da oposição até articulações externas, o presidente já lidou e denunciou uma série de ataques promovidos pela direita. O primeiro deles na gestão do chefe do executivo foi registrada em junho de 2013.

Naquele mês, nove pessoas foram presas na Venezuela. eles seriam integrantes do grupo paramilitar colombiano Los Rastrojos. A ideia era ocupar Caracas em um ataque que agruparia outros paramilitares no país. O plano foi descoberto pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e desmobilizado pelas forças de segurança. 

Um dos primeiros planos denunciados por Maduro que teve a participação dos Estados Unidos foi o chamado “Golpe Azul”, ou “Operação Jericó”, que teria sido organizado por um grupo de militares venezuelanos da Aeronáutica com o governo dos EUA. A ideia era usar um avião para atacar o palácio Miraflores durante as comemorações do Dia da Juventude. O plano também foi interceptado pelo governo da Venezuela.

Um dos episódios mais importantes da administração Maduro foi a tentativa de golpe de Estado no país em 2020. A chamada Operação Gedeón tinha como objetivo derrubar o governo a partir de ataques em diferentes lugares do país. Ao todo, 29 pessoas foram condenadas por “traição a pátria, conspiração com governo estrangeiro, rebelião, associação, tráfico ilegal de armas de guerra, terrorismo e financiamento do terrorismo”.

Na ocasião, uma lancha com 10 homens armados com fuzis, metralhadoras e uma pistola tentou aportar na praia Macuto, costa do estado de La Guaira, cerca de 50 km da capital Caracas. Segundo o GPS da própria embarcação, a viagem começou na Colômbia. O plano envolvia também ataques por terra. As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb) conseguiram interceptar e desmobilizar a operação.

Outros planos também foram denunciados já em 2024. Em janeiro, o Ministério Público anunciou que foram desmobilizadas 5 tentativas de golpe de Estado durante 2023 que incluíam a morte do presidente, Nicolás Maduro, e do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.  Na ocasião, foram realizadas 32 prisões de pessoas acusadas de conspiração.

Maduro também afirmou em março que ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe e o fundador do partido opositor venezuelano Vontade Popular, Leopoldo López, planejaram “ataques terroristas” contra a Venezuela. Segundo o mandatário, os planos estavam sendo articulados com paramilitares para serem realizados na fronteira com a Colômbia.

As últimas denúncias de planos golpistas foram divulgadas em setembro de 2019. Na ocasião, o próprio Diosdado Cabello disse que foram apreendidos 400 fuzis e 6 pessoas foram presas envolvidas no que o governo chamou de um “plano de desestabilização” que tinha como objetivo matar o presidente Nicolás Maduro e a vice Delcy Rodríguez.

A principal prova do envolvimento estadunidense na tentativa de golpe de 2024 são os fuzis apreendidos. Diosdado Cabello apresentou todos à imprensa venezuelana. Sobre uma mesa, o ministro colocou a mostra munições e armamentos que tinham uma inscrição afirmando que as armas são de uso exclusivo dos Estados Unidos e não poderiam ser negociados.

Procurado pela reportagem, o Exército brasileiro não respondeu até a data da publicação

Publicação de: Brasil de Fato – Blog

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