Valdemar admite golpe e bolsonaristas falam em “chifre”

A fala do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, admitindo publicamente que houve planejamento de golpe de Estado, caiu como uma bomba no bolsonarismo raiz. Para aliados de Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF a 27 anos de prisão, o dirigente estaria “chifrando” o ex-presidente ao fragilizar, na prática, as articulações pela anistia em curso no Congresso.

Costa Neto discursou no último sábado (13), em Itu (SP), ao lado de Gilberto Kassab (PSD). Primeiro, criticou a decisão da Suprema Corte, chamou-a de exagerada, mas disse que precisa ser respeitada. Em seguida, fez o que os bolsonaristas consideram “sincericídio”: reconheceu que houve planejamento golpista.

Interlocutores do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reagiram mal. O mandatário paulista, que nesta segunda (15) cumpre agenda em Brasília para tentar destravar o projeto de anistia, mesmo sabendo que as chances da “descondenação” sejam remotas.

Entretanto, aliados de Tarcísio entederam o pronunciamento como uma “bola nas costas” do próprio presidente do partido de Bolsonaro. Tarcísio já era alvo de desconfiança dos bolsonaristas mais radicais, que há meses o acusam de traição. Agora, os ataques se voltam também contra Valdemar.

Pela fala de Valdemar, a política confirma a máxima “rei morto, rei posto”. Nos bastidores do PL, a previsão é de que até dezembro Tarcísio de Freitas se filie ao partido para tentar a sorte contra Lula em 2026.

O movimento de Valdemar reforça a leitura de que Bolsonaro — réu, condenado e politicamente fragilizado — deixou de ser aposta segura, enquanto Tarcísio desponta como alternativa preferida da cúpula liberal para liderar a direita na disputa presidencial.

Ao admitir a conspiração, Valdemar jogou contra a narrativa que vinha sendo sustentada pela base bolsonarista. Aliados reclamam que o dirigente “deu munição” ao governo e à esquerda para reforçarem a oposição à anistia. A repercussão abre mais uma crise dentro do PL, que tenta manter coesão ao mesmo tempo em que lida com as condenações de Bolsonaro e de militares no STF.

O episódio revela que, no campo da extrema direita, a lealdade a Bolsonaro está cada vez mais tensionada por interesses eleitorais e cálculos de sobrevivência política. O PL, partido mais forte da oposição, mostra rachaduras profundas justamente no momento em que o governo Lula busca barrar a anistia. A democracia brasileira não precisa de versões fabricadas, mas sim da verdade, ainda que doa.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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