Trump exige rendição do Irã e avalia bombardeio a Fordo com bomba de 13 toneladas
A maior guerra da história entre Irã e Israel está prestes a arrastar os Estados Unidos para o front. O presidente Donald Trump deixou às pressas a cúpula do G7 no Canadá e retornou a Washington sob o pretexto de buscar “algo maior que um cessar-fogo”. Na prática, a Casa Branca discute o uso da bomba GBU-57 — conhecida como ‘bunker buster’, com 13,6 toneladas — contra a instalação nuclear de Fordo, escavada nas entranhas das montanhas iranianas.
“Queremos uma rendição completa”, declarou Trump a bordo do Air Force One, referindo-se ao governo do aiatolá Ali Khamenei. “Não me importa o que dizem os analistas: eles [o Irã] estavam muito perto de conseguir.”
Fordo vira símbolo da sobrevivência nuclear do Irã
O complexo de Fordo, altamente fortificado e subterrâneo, tornou-se o centro das atenções estratégicas. Israel afirma que já destruiu Natanz, outra instalação nuclear crítica, mas reconhece que não tem capacidade militar para atingir Fordo sem ajuda americana. O uso da GBU-57 exige bombardeiros B-2, os únicos capazes de transportar o armamento — e disponíveis apenas na força aérea dos EUA.
Segundo o Guardian, o próprio Netanyahu pediu acesso ao armamento durante visita recente à Casa Branca. Trump, ainda hesitante, agora se vê diante de uma escolha binária: manter-se fora da guerra ou autorizar o bombardeio mais decisivo desde Hiroshima.
A guerra derruba generais iranianos e expõe racha na cadeia de comando
Desde o ataque surpresa israelense na sexta-feira (13), pelo menos 11 generais iranianos foram mortos, incluindo o recém-nomeado comandante do Estado-Maior, Ali Shadmani. Seu antecessor, Gholamali Rashid, havia sido eliminado horas antes por um míssil de precisão israelense. A ausência de comando consolidado em Teerã é vista como o colapso mais profundo da liderança militar do país desde a Revolução de 1979.
Em resposta, o general Abdolrahim Mousavi, novo chefe das Forças Armadas, declarou:
“As operações até agora foram apenas um aviso. A retaliação punitiva virá em breve. O regime sionista pagará por seus crimes.”
Trump recua, avança e confunde aliados com postura errática
A oscilação do presidente Trump entre diplomacia e intervenção militar tem confundido até seus próprios aliados. Em menos de 48 horas, alternou declarações públicas de “paz iminente” com ameaças de “destruição total” de Teerã. Ao mesmo tempo em que afirma que o Irã está “à beira de um acordo”, pressiona o Pentágono a revisar planos de ataque coordenado contra Fordo.
Segundo apuração do New York Times, Trump autorizou compartilhamento de inteligência com Israel e avalia enviar aviões americanos para reabastecer caças israelenses em pleno voo.
Bastidores de Camp David: pressão por guerra, ceticismo entre conselheiros
Em reunião tensa no retiro presidencial de Camp David, o diretor da CIA, John Ratcliffe, alertou que Netanyahu seguiria com a ofensiva com ou sem os EUA. Os mapas de ataque apresentados mostravam rotas para bombardear Fordo, Natanz e Isfahan. O vice-presidente JD Vance manifestou receio de que a ação leve os EUA a uma “guerra de mudança de regime”.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o conselheiro de Segurança Nacional Marco Rubio estariam mais alinhados a Israel. A ala diplomática, liderada por Steve Witkoff, ainda tenta manter canais abertos com o chanceler iraniano Abbas Araghchi — mas o fracasso das negociações em Omã, no início de junho, esvaziou essa possibilidade.
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Enquanto líderes decidem em salas blindadas, a população civil sangra. Em Gaza, pelo menos 70 palestinos morreram nos últimos dias em filas para distribuição de comida — atingidos por tiros das Forças de Defesa de Israel (IDF) ou por explosões próximas.
Em Teerã, explosões atingiram bairros inteiros. O Crescente Vermelho Iraniano relata 224 mortos e mais de 1.400 feridos apenas nas primeiras 96 horas de conflito. O governo ordenou evacuação de um terço de milhão de pessoas no norte da capital.
Em Israel, 24 mortos e 600 feridos. As sirenes de alerta voltaram a tocar em Tel Aviv e Haifa com nova leva de mísseis lançados do Irã. As IDF afirmam já ter interceptado 370 projéteis e destruído 200 lançadores iranianos. A superioridade aérea, no entanto, não garante segurança total.
A reação global e o isolamento diplomático crescente
O G7, reunido no Canadá, condenou o Irã e apoiou “o direito de autodefesa de Israel”, mas diverge sobre a escalada. Emmanuel Macron pediu moderação e criticou tentativas de mudança de regime em Teerã, ao que Trump respondeu nas redes:
“Macron sempre erra. Ele não tem ideia do que estou prestes a fazer.”
Síria, outrora aliada do Irã, manteve silêncio — sinal claro de distanciamento do chamado Eixo da Resistência. A nova gestão de Ahmed al-Shara sinalizou a Israel e aos EUA que seu território não será mais usado por milícias pró-Irã.
A China já iniciou evacuação de cidadãos de ambos os países. EUA, Reino Unido e Rússia também emitiram alertas e fecharam espaços aéreos. Uma coalizão informal se forma em torno do receio de uma guerra total.
Fordo se transforma na encruzilhada geopolítica da década
Fordo é mais que uma instalação nuclear: é o símbolo de soberania iraniana e de contenção estratégica global. Se bombardeada, abre-se uma nova fase da guerra — agora entre grandes potências. Se poupada, pode indicar espaço para a última tentativa diplomática.
Trump sabe que, ao autorizar o uso da GBU-57, deixará de ser um ator externo para se tornar beligerante direto. Resta saber se sua promessa de não envolver os EUA em “guerras eternas” sobreviverá ao sexto dia deste novo conflito.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael