Toffoli viaja com advogado palmeirense e vira alvo da velha mídia
A viagem do ministro Dias Toffoli em jato privado com um advogado palmeirense ligado ao caso Master repercutiu intensamente num momento em que o magistrado passou a enfrentar a herança tóxica da Lava Jato. No STF, Toffoli ordenou busca e apreensão na 13ª Vara Federal de Curitiba, gesto raro que atingiu o coração do lavajatismo e desmontou um dos últimos pilares simbólicos da operação.
No sábado (29/11), o Flamengo venceu o Palmeiras por 1 a 0 e conquistou sua quarta Libertadores. A final foi disputada no Estádio Monumental, em Lima, no Peru.
A coincidência entre as duas frentes, a jurídica e a midiática, despertou a sensação de contraofensiva. A velha mídia, historicamente alinhada às teses da Lava Jato e ao sistema de poder que a sustentou, reagiu com velocidade ao episódio do jatinho. A narrativa ganhou tintas de escândalo justamente depois de o ministro tocar num dos nervos expostos da República, conforme registraram análises recentes do Blog do Esmael.
Nas reportagens e editoriais dos grandes veículos, a viagem palmeirense passou a ser explorada como se representasse quebra de imparcialidade. Mas o contexto revela outra face, oculta, que a velha mídia não mostra. Toffoli havia determinado a devassa na 13ª Vara, a mesma que por anos operou em harmonia com a imprensa corporativa, formou o “consórcio lavajatista” e alimentou manchetes construídas em simbiose com procuradores e juízes que depois foram desmoralizados.
A atuação do ministro incomodou setores que preferem enterrar o passado sem prestar contas à sociedade. A ordem de busca e apreensão expôs fluxos de documentos, práticas internas e arranjos processuais que a Lava Jato sempre tentou blindar. Não surpreende que, dias depois, Toffoli tenha sido alçado ao centro de um linchamento público cuidadosamente roteirizado.
No episódio da viagem, o ministro voou a Lima num jatinho do empresário Luiz Oswaldo Pastore, acompanhado do advogado Augusto Arruda Botelho, que defende um diretor do Master. O caso envolve R$ 14,4 bilhões em fundos que podem ser liquidados. A informação é grave, mas ganhou proporção política ampliada pela conjuntura. Toffoli ainda não se pronunciou.
O simples fato de Augusto Arruda Botelho advogar para um dos diretores do Master não o vincula aos supostos malfeitos atribuídos ao cliente. No direito brasileiro, a defesa técnica é exercício profissional, não endosso moral nem participação nos fatos sob investigação. A atividade do advogado se limita a garantir o devido processo legal, e não deve ser confundida com as condutas que o Estado atribui aos investigados.
Nos bastidores, lideranças jurídicas avaliam que a Lava Jato perdeu o poder institucional, mas conserva poder narrativo por meio da velha mídia, que nunca digeriu a revelação dos abusos, das colaborações ilegais e da manipulação de processos. Essa infraestrutura comunicacional estaria reocupando seu velho papel: atacar ministros do Supremo que não se enquadram em sua agenda.
A ofensiva contra Toffoli, portanto, não se resume ao caso Master. Ela se encaixa no movimento maior de recompor a autoridade discursiva de um lavajatismo derrotado nos tribunais, mas ainda ativo na batalha de opinião pública. Cada gesto do ministro é interpretado como ameaça a esse passado que não passa.
O Supremo enfrenta desgaste, e episódios como este ganham dimensão explosiva porque ainda vivemos sob a sombra do desmonte institucional provocado pela Lava Jato. Mas enxergar o quadro completo ajuda a entender quem lucra com o ataque, por que ele ocorre agora e de que forma tenta reequilibrar uma narrativa que vinha sendo desmontada passo a passo pelas decisões do próprio ministro.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael
