Tarcísio está a um passo de romper com Bolsonaro

Foto: Evaristo Sa/AFP

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, resolveu descolar de vez do extremismo de direita e da forma radical de governar de Jair Bolsonaro. Em entrevista à CNN, disse que “nunca foi bolsonarista raiz”, que o presidente da República errou em “tencionar os poderes”, que é liberal e cristão, mas que “não vai entrar em guerra ideológica e cultural”.

“Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas principalmente desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal. Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra ideológica e cultural”, garantiu.

A melhor parte da entrevista, contudo, foi quando elogiou o ministro Luís Roberto Barroso, um dos principais alvos do bolsonarismo radical, e criticou as milhares de crises institucionais criadas por Bolsonaro nos últimos quatro anos.

“Teve um jantar com ministros do STF, STJ, TSE, TCU. Na divisão das mesas, me botaram ao lado do ministro Barroso. Queriam que eu me levantasse e saísse? Sou governador eleito de São Paulo. Não vou fazer o que erramos no governo federal de tensionar com Poderes. Vamos conversar com ministros do STF. E Barroso é um ministro preparadíssimo, razoável. Sempre que eu, na condição de ministro [da Infraestrutura], precisei dele, ele ajudou o ministério. Sempre votou a favor das nossas demandas. Mas os caras me esculhambaram”.

Cadê aquele discurso de “Supremo é o povo”?

Basicamente, se alguém resolveu se descolar de Bolsonaro – e fez isso publicamente – chama-se Tarcisio de Freitas. Ele que chefiou o DNIT no governo Dilma – e colou em Bolsonaro como ministro para ser eleito governador de São Paulo em sua primeira campanha – já não “comunga” com o ideário golpista radical, 37 dias após a derrota de Bolsonaro.

Vejam só o que ele o governador eleito de São Paulo disse, reclamando com toda razão:

“O Brasil está muito tenso e dividido. Precisa pacificar. Outro dia morreu o (ex-governador) Fleury. Eu coloco lá uma mensagem nas redes sociais para confortar a família. Trata-se de um ex-governador do estado que eu vou governar. E recebo críticas”.

Tarcísio de Freitas falava dos seguidores radicais da extrema-direita – os bolsonaristas raiz – que infernizam há quatro anos o país ou todos aqueles que pensam de forma contrária, contaminando a política brasileira.

O ex-ministro de Bolsonaro está fora dessa. Como disse à coluna um grande sabedor da política brasileira – que acompanha o dia a dia dela há mais de quatro décadas – “a derrota é ingrata”.

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Publicação de: Blog da Cidadania

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