Simone Tebet garante que apoio antitarifaço não causará endividamento ou inflação

Ministra participou de audiência no Senado e fez também um balanço do projeto Rotas de Integração Sul-Americana que conecta todos os estados brasileiros a países vizinhos

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira (12), durante reunião da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, que as ações do Governo Federal para responder à sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros não terá efeito sobre o aumento da dívida pública nem pressionará a inflação.

O tarifaço norte-americano atinge diretamente setores estratégicos da economia nacional e afeta empresas exportadoras em diferentes estados.

Segundo Tebet, o governo já concluiu um mapeamento detalhado para identificar, dentro dos setores impactados, quais efetivamente exportam para os EUA, quais foram alvo da sobretaxa e quais não conseguiram redirecionar a produção para outros mercados, como Europa, América do Sul ou Ásia. Esse levantamento, explicou a ministra, permitirá calibrar o alcance das ações, garantindo que os recursos e benefícios sejam destinados às empresas e cadeias produtivas mais afetadas.

A proposta será apresentada em breve pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e encaminhada ao Congresso Nacional por meio de medida provisória. Tebet ressaltou que o Parlamento terá papel decisivo no aperfeiçoamento do plano e na construção de uma resposta eficiente, capaz de mitigar perdas econômicas sem comprometer o equilíbrio fiscal.

Na minha parte, é o seguinte: não pode ter aumento da dívida pública, não pode fugir das regras fiscais, a não ser naqueles casos excepcionais que a própria Constituição permite, e não pode efetivamente causar mais problema que altera o câmbio e que gera inflação, que cai lá nos alimentos e empobrece a população brasileira”, destacou a ministra.

Sem entrar em detalhes sobre o texto final, a ministra adiantou que o conjunto de ações terá “impacto fiscal muito pequeno” e seguirá um modelo semelhante ao adotado em políticas emergenciais no passado, com ajustes à realidade atual. “Ele [o pacote], na realidade, tem medidas que nós vamos trazer, algumas até da época da pandemia. São medidas que estão ligadas a subsídios, a parcelamentos, a prazos, a carência, de que forma vamos proteger os trabalhadores, mas ela tem um diferencial da pandemia”, afirmou.

Leia também:
Tebet e o xadrez geopolítico: ‘Sem biquinho, estamos fazendo a lição de casa’

Ferrovia Atlântico-Pacífico

 O principal tema da audiência era, no entanto, o projeto da Ferrovia Atlântico-Pacífico. Segundo a ministra Simone Tebet, o Governo Federal vai concluir, até o fim de 2026, o projeto básico e executivo da ferrovia. A obra, que ligará Ilhéus (BA) ao Peru, será estruturada para margear rodovias já existentes, reduzindo impactos ambientais e acelerando o processo de licenciamento.

Segundo Tebet, o projeto é antigo, mas a atual gestão assumiu o compromisso de entregá-lo como política de Estado. A previsão é que, com o estudo pronto, a próxima gestão tenha todas as condições para licitar trechos e iniciar a construção, inclusive com possibilidade de execução simultânea por diferentes grupos empresariais. Para a ministra, deixar o projeto pronto representa um legado estratégico para ampliar a integração logística do Brasil com a América do Sul e o comércio com a Ásia.

Eu assinei o memorando de intenção com a China. Quero de novo repetir que nós procuramos a China porque a Europa não tem condições, não tem expertise e não têm interesse. Da mesma forma, outros. Quem tem expertise é a China”, afirmou a ministra.

Ela explicou que a Infra-S.A., estatal responsável por estudos de infraestrutura no Brasil, estimava entre cinco e sete anos para concluir o projeto. “Não tem a ver com falta de dinheiro de orçamento, é expertise, esse projeto é muito complexo. A China nos deu 18 meses, ou seja, no final do governo do Lula III, entregaria o projeto básico e executivo para que o próximo governo possa, se houver vontade política, fazer concessões de trechos, porque é possível atacar de várias frentes ferrovias no Brasil.”, explicou Tebet.

O modelo pensado pela pasta prevê que diferentes trechos sejam executados por grupos empresariais distintos, nacionais ou estrangeiros, o que aceleraria o processo. “Se a gente fizer esse trecho com uma empresa, o trecho de Mato Grosso com outra empresa, outro grupo empresarial, Rondônia, outro, e Acre, outro, nós estamos falando aí de uma ferrovia que pode terminar em cinco anos”, disse.


Saiba mais sobre as ações do Governo Federal para enfrentar o tarifaço de Trump


Para a ministra, a decisão de margear as rodovias já existentes na Ferrovia Atlântico–Pacífico é estratégica para reduzir o risco de atrasos provocados por disputas judiciais e pelo tempo de tramitação de licenças ambientais. Ela ressaltou que a atual gestão pretende entregar o projeto básico e executivo concluído até o fim de 2026, permitindo que o próximo governo tenha condições de licitar trechos e iniciar as obras.

Tebet afirmou que a ferrovia poderá ser um divisor de águas para o comércio entre o Brasil e a Ásia, criando uma rota de exportação mais ágil e menos dependente de portos do Atlântico. “A gente planta uma semente para fazer uma árvore frutificar para alguém um dia sentar na sombra. A gente senta na sombra de uma árvore que a gente não plantou. E essa é a beleza da política, essa é a beleza dessa harmonia”, disse.

O encontro na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado também tratou do balanço das ações do programa Rotas de Integração Sul-Americanas, que conecta todos os estados brasileiros a países vizinhos por corredores logísticos terrestres e fluviais. A ministra destacou que o programa tem potencial para ampliar o comércio intrarregional, hoje restrito a 15% das transações na América do Sul, e estimular o turismo, a integração cultural e o desenvolvimento de polos econômicos fora do eixo tradicional.

Segundo Tebet, a iniciativa está alinhada ao planejamento de médio e longo prazo do país e busca reduzir desigualdades regionais por meio de investimentos estratégicos em infraestrutura e logística. “As Rotas não são apenas obras; são um instrumento de integração econômica, social e cultural com os países vizinhos”, afirmou, ressaltando que a competitividade do Brasil depende de uma maior conexão com os mercados da América do Sul.

Agência Gov, site parceiro do Blog do Esmael

Acompanhe os Bastidores da Política no WhatsApp

Receba, em primeira mão, as análises e bastidores do Blog do Esmael direto no seu WhatsApp.

Entrar no Canal do WhatsApp

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *