Rússia fortalece posição enquanto Ucrânia perde fôlego, diz Viktor Orban
A guerra na Ucrânia parece ter consolidado um paradoxo geopolítico: enquanto a Rússia emerge mais forte no cenário internacional, a Ucrânia enfrenta um desgaste crescente, acentuado pela falta de apoio financeiro consistente da Europa. Essa é a análise contundente do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, durante entrevista ao programa matinal da Rádio Kossuth.
Orban aponta que a balança de poder no conflito favorece Moscou, não apenas pela resiliência militar e estratégica da Rússia, mas também pelo enfraquecimento da Ucrânia diante da crise financeira europeia. “A Rússia ficou mais forte, enquanto a Ucrânia enfraqueceu. A Europa também está muito fraca; não temos dinheiro para a guerra”, resumiu o premiê húngaro, reforçando que o continente enfrenta seus próprios limites econômicos em meio ao prolongado conflito.
Para Orban, a solução imediata deve ser um cessar-fogo. Ele alerta que, sem uma pausa nas hostilidades, qualquer tentativa de reorganizar o sistema de segurança europeu será inviável. “As negociações serão difíceis e prolongadas, mas, por enquanto, a prioridade deve ser garantir um cessar-fogo”, argumentou, demonstrando preocupação com o futuro das nações europeias e o papel da América no continente.
Quando a guerra finalmente acabar, a criação de um novo sistema de segurança será indispensável, prevê Orban. Segundo ele, esse rearranjo deve incluir uma definição clara do papel dos Estados Unidos, que atualmente lideram a estrutura da OTAN. “Se os Estados Unidos fizerem as malas e voltarem para casa, um vazio de segurança surgirá imediatamente aqui”, alertou o premiê, enfatizando que a dependência europeia da presença norte-americana é um risco estratégico.
Orban acredita que o redesenho do ambiente de segurança europeu será uma das metas prioritárias nos próximos dois anos. Essa visão, embora polêmica, reflete o sentimento de incerteza que permeia o continente diante da escalada do conflito e das tensões geopolíticas globais.
As declarações de Viktor Orban revelam uma Europa que ainda luta para equilibrar princípios e pragmatismo. De um lado, há a solidariedade com a Ucrânia, cuja soberania é constantemente ameaçada; de outro, há os limites financeiros e estratégicos de um continente que enfrenta seus próprios dilemas internos.
A proposta de Orban, por mais controversa que pareça, lança luz sobre questões essenciais: até onde a Europa está disposta a ir para sustentar um conflito que desgasta sua economia e sua coesão política? E como reorganizar o continente diante de um cenário onde a hegemonia norte-americana pode se tornar incerta?
O futuro da Europa e do mundo depende dessas respostas, que, infelizmente, não parecem estar no horizonte imediato.
Publicação de: Blog do Esmael