Ribeiro nega à PF saber de esquema de pastores
Foto: Sérgio Lima
Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, confirmou à Polícia Federal (PF) que recebeu Gilmar Santos, um dos pastores apontados de praticar lobby no Ministério da Educação, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele negou ainda a existência de um “gabinete paralelo” ou qualquer “tratamento privilegiado” na pasta. As informações são do jornal O Globo.
“O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação] ou MEC, esclarecendo que, como ministro, recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político”, disse em um trecho do depoimento.
Ribeiro explicou que Bolsonaro não se envolveu mais após a primeira reunião com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC. “O presidente da República jamais indagou o declarante a respeito da visita do pastor Gilmar”.
A Polícia Federal deu início a inquérito contra o ex-ministro Milton Ribeiro em decorrência de uma série de reportagens dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo que denunciaram a existência de um “gabinete paralelo” formado por pastores, que controlariam a liberação de verbas e a agenda da pasta. Ele foi quarto ministro na gestão do presidente Bolsonaro. A pasta é vista como um ponto importante da chamada “guerra ideológica” contra a esquerda travada pelo atual governo.
Em áudio divulgado pela Folha, Milton Ribeiro disse, em encontro com prefeitos, que o governo prioriza amigos de pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os religiosos citados pelo ministro são Gilmar Santos e Arilton Moura, que, apesar de não ocuparem qualquer cargo no governo, estiveram presentes em várias reuniões com autoridades.
À PF, o ex-ministro disse que a conversa do áudio publicado nas reportagens foi tirada de contexto, e explica que o sentido da fala era de prestigiar Gilmar Santos na “condição de líder religioso nacional”, e que desconhecia a abordagem de prefeitos pelos pastores para oferecer esquemas.
“Aquela afirmação, a da gravação, foi feita como forma de prestigiar o pastor Gilmar, na condição de líder religioso nacional, não tendo qualquer conotação de enfatizar os amigos do pastor Gilmar teriam privilégio junto ao FNDE ou Ministério da Educação”.
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