Ratinho Júnior abandona corrida ao Planalto e mira vice ou Itaipu

O governador Ratinho Júnior, do PSD do Paraná, desistiu de disputar a Presidência da República em 2026 e, conforme apuração recorrente do Blog do Esmael, passou a trabalhar em duas frentes mais discretas: tentar vaga de vice em chapa nacional ou assegurar o comando da Itaipu Binacional a partir de 2027.

Apesar da resignação com o Planalto, aliados dizem que o projeto federal segue vivo, porém em fase de “hibernação estratégica”.

Ratinho Júnior não pode concorrer novamente ao Palácio Iguaçu porque a Constituição veda terceiro mandato consecutivo. Se topar disputar a vice ou o Senado, terá que renunciar até abril de 2026, condição legal para a elegibilidade.

Ele, contudo, insiste que completará o mandato até 5 de janeiro de 2027, nova data definida pelo Congresso Nacional.

Nos bastidores, a leitura é pragmática. Permanecer no governo mantém controle político, orçamento e capacidade de arbitrar a sucessão paranaense. A cadeira de governador, aliás, virou ativo maior que uma candidatura incerta ao Senado ou uma composição nacional improvisada.

Interlocutores próximos relatam que o sonho mais palpável de Ratinho, hoje, atende por Itaipu. O cargo de diretor-geral da binacional representa orçamento bilionário, influência regional e ponte direta com o governo federal e com o Paraguai.

Não é à toa que o pai do governador, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, obteve cidadania paraguaia recentemente, fato amplamente divulgado nas redes sociais. Com isso, o clã poderia ficar reunido na tríplice fronteira.

Essa ambição ganhou tração quando ficou claro que Ratinho Júnior não tem partido para disputar o Planalto. O PSD, sua sigla, ou marchará com Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), caso o paulista confirme a candidatura presidencial, ou, se Tarcísio recuar, seguirá sob a aba do lulismo, mantendo arranjos regionais com o PT em estados estratégicos acima do Trópico de Capricórnio.

Sem guarida nacional própria, Ratinho estacionou o projeto presidencial e passou a mirar espaços de poder onde seu cacife regional pesa mais do que a falta de palanque nacional.

Permanecendo no Palácio Iguaçu, Ratinho pode organizar o tabuleiro estadual, escolher sucessor e coordenar eventual campanha presidencial de Tarcísio na região Sul. Se o aliado vencer, o governador ganha caminho livre para assumir Itaipu com musculatura política renovada.

Um deputado governista resumiu o cálculo, em reservado:
“Se Tarcísio sai, Ratinho será um bom coordenador. Se Tarcísio recuar, será um excelente vice para Lula.”

O PSD não trabalha mais com protagonismo nacional para 2026, muito menos com Ratinho Júnior. Gilberto Kassab, chefe da sigla, vem aconselhando Tarcísio de Freitas a buscar a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes e deixar a corrida presidencial para 2030.

Nessa equação, o próprio Kassab seria o vice do governador paulista, enquanto Lula, considerado “invencível” e “imbatível” pelo dirigente do PSD, venceria sem sobressaltos em outubro do ano que vem.

Nesse xadrez, a aventura presidencial de Ratinho Júnior saiu de cena. O PSD fechou questão em torno da estratégia Kassab–Tarcísio, sobrando ao governador paranaense o papel de cacique regional. Só que, no Paraná, o jogo está longe de ser pacífico.

A sucessão no Palácio Iguaçu virou campo minado, com seu grupo rachado e projetos concorrentes dentro da própria base. O risco, admitem aliados, é o governo nem chegar ao segundo turno se não houver unidade. Ratinho tenta administrar vaidades, conter fugas e manter a rédea curta, agindo como árbitro e não como candidato, porque o problema, agora, está no próprio quintal.

A decisão evidencia o desgaste de projetos pessoais em clima de hiperpolarização. Ratinho tenta converter a retirada em ativo político e preservar pontes com Brasília, com o empresariado e com segmentos conservadores ligados ao PSD e ao agronegócio.

A desistência do Planalto revela menos fraqueza e mais cálculo. Ratinho Júnior lê o tempo político, preserva território e mira um posto estratégico. A eleição de 2026 ganha um protagonista fora da urna, mas sentado à mesa de comando regional. Falta, porém, combinar com os “russos”, isto é, com os eleitores paranaenses.

Acompanhe a sucessão no Paraná e os bastidores do poder no Blog do Esmael.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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