Ratinho aposta em Deltan e Novo, tensiona PL e PSD no Paraná

O ex-deputado cassado e ex-procurador Deltan Dallagnol, considerado inelegível por especialistas em direito eleitoral para as eleições do ano que vem, virou peça simbólica no tabuleiro de Ratinho Júnior (PSD).

O governador flerta com o Novo e se distancia do bolsonarismo raiz, criando tensão com o PL e confusão dentro do próprio PSD rumo a 2026.

A inelegibilidade de Deltan

Apesar do gesto político, a jurisprudência do TSE é clara: Deltan foi cassado em 2023 por fraude à Lei da Ficha Limpa ao abandonar o Ministério Público para escapar de punições.

Advogados eleitoralistas entendem que ele não poderá concorrer ao Senado em 2026. Sua presença nas fileiras do Novo, portanto, é mais narrativa que projeto viável, servindo como sinalização de identidade política radicalizada para o eleitorado lavajatista que tenta cooptar a base bolsonarista órfão.

O recado de Ratinho ao PL

Ao se aproximar de Deltan e do Novo, Ratinho envia recado direto ao PL, que tem no deputado Filipe Barros seu pré-candidato ao Senado no Paraná. O movimento é percebido como uma forma de reduzir a dependência do bolsonarismo puro sangue, mas pode custar caro.

Filipe Barros, um dos principais quadros de Jair Bolsonaro no estado, já revelou que há um acordo do PL com Ratinho que, caso seja rompido, obrigará o partido a lançar candidatos próprios ao governo e ao Senado no Paraná.

Se isso ocorrer, o governador pode se ver isolado em casa: ao mesmo tempo em que atiça a insatisfação de aliados no PSD, abre espaço para o PL montar palanque independente, esvaziando o projeto nacional que Ratinho tenta costurar para 2026.

Pressão interna no PSD

No próprio PSD, o gesto aprofunda a disputa doméstica. Há excesso de líderes querendo ascender à chapa majoritária, de Alexandre Curi a Guto Silva, passando por nomes regionais.

Ao abrir espaço para o Novo, Ratinho alimenta desconfiança em sua base, que teme perder protagonismo para figuras externas ao partido.

Ao tricotar para fora de casa, correligionários do governador já ensaiam uma debandada geral do PSD antes de 4 de abril.

Um dos primeiros a dar sinais é o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, que, preterido por Ratinho, anda de namoro com partidos de centro-esquerda de olho no Palácio Iguaçu. Até as capivaras do Parque Barigui já perceberam que Greca começou a mudar de turma.

Olho no Planalto

Como já antecipou o Blog do Esmael na cobertura da filiação de Paulo Martins ao Novo, o governador do Paraná articula mais do que alianças táticas.

Ao acenar para o partido de Romeu Zema e se afastar do PL, Ratinho se credencia para uma engenharia política que pode desembocar em projeto presidencial em 2026.

Deltan, inelegível, é menos candidato e mais símbolo de um reposicionamento político.

Martins, amigo de fé de Ratinho, largou o PL de Bolsonaro para se aconchegar no lavajatista Novo. O vice-prefeito de Curitiba não mexe nem uma peça no tabuleiro sem antes beijar o anel do governador.

Ratinho mais lavajatista, menos bolsonarista

Ratinho Júnior joga com peças que não estão no tabuleiro para 2026, mas usa Deltan e o Novo como vetores para redesenhar seu espaço na direita. Mais lavajatista, menos bolsonarista.

O preço pode ser alto: atrito com o PL, rebelião no PSD e isolamento no Paraná.

Mas, para quem pensa no Planalto, o cálculo é de que a confusão de hoje pode render capital político amanhã. Leia no Blog do Esmael.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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