Pedro Carvalhaes: Obrigado, Rita Lee
Obrigado, Rita Lee
Por Pedro Carvalhaes*
Por ter sido uma ovelha negra, e, ao contrário das pessoas da sala de jantar, não ter se ocupado só em nascer e morrer.
Por, num belo dia, ter resolvido mudar, e ter feito tudo o que queria.
Por ter tido prazer de ser quem era.
Por ter tido (e sido) um caso sério com esse tal de Roque Enrow.
Por não ter sabido parar, e por ter feito tudo por amor – aliás, nada melhor do que não fazer nada, só para deitar e rolar com suas músicas.
Obrigado por ter sido louca, e por ter nos ensinado que mais louco é quem não é feliz.
Obrigado por, mesmo sem ter tido saúde de ferro, ter gozado até o final, meu amor, com seus nervos de aço.
Por ter feito, você mesma, barulho, sem jamais se dobrar aos que lhe pediam silêncio.
Seu sonho de ser imortal, sem dúvida, já é uma realidade entre seus fãs.
Parabéns por, até o fim, ter se deixado beijar pela vida, até ela, como um doce vampiro, ter matado você de amor.
Infelizmente, porém, agora “só” vai ficar faltando você – que, mesmo sem ter três carros, podendo voar, agora voou para longe, e finalmente vai poder roubar os anéis de Saturno.
Você, que sempre se assumiu, não vai sumir! Vamos continuar fazendo amor com você —
mesmo que por telepatia!
E vamos continuar a nos inebriar com o perfume que você, certamente, continuará lançando lá de cima!
Obrigado por nos ter dado o prazer te ter tido prazer contigo!
Obs: o auê está mais do que desculpado, e a Bwana manda lembranças – dizendo que, com sua arte e seu jeito de ser, você também salvou, não apenas ela, como todos nós.
*Pedro Carvalhaes, graduado em Direito pela UFMG, é roteirista.
Publicação de: Viomundo