Omar Aziz vai assumir CPMI do INSS e governo Lula mira herança bolsonarista

O senador Omar Aziz (PSD-AM) deve presidir a CPMI que investigará as fraudes nos benefícios do INSS. A escolha foi sinalizada por Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Congresso, e representa mais um movimento da base governista para blindar o Planalto e ao mesmo tempo mirar no bolsonarismo.

Aziz é figura conhecida nos bastidores do Senado. Ganhou notoriedade em 2021 ao presidir a CPI da Covid, enfrentando duramente o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora tenha votado a favor do impeachment de Dilma e das reformas neoliberais de Temer, como o Teto de Gastos e a Reforma Trabalhista, hoje é aliado firme de Lula (PT) e fundou a bancada do PSD na Casa.

A CPMI do INSS vai investigar uma cadeia de fraudes, descontos ilegais e irregularidades nos contracheques de aposentados e pensionistas, iniciada ainda no governo Bolsonaro. O requerimento que criou a comissão foi protocolado com assinaturas de 223 deputados e 36 senadores, superando o número mínimo exigido pelas regras do Congresso.

Base de Lula articula controle total da CPMI

Enquanto a presidência já tem nome certo, a relatoria da comissão — sob responsabilidade da Câmara — virou nova disputa entre governo e oposição. O PL, por meio do deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), quer o cargo, mas Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa, não garante o espaço.

Nos bastidores, o líder do governo, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirma que a base irá “com o time principal” para a comissão. A tendência, segundo fontes do Congresso, é que a relatoria também fique com a base aliada, o que permitiria ampliar o foco das investigações para práticas adotadas entre 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro.

A semelhança com a CPI da Pandemia é evidente: começa com uma pauta aparentemente técnica e termina em embate político aberto entre Planalto e oposição.

Espetáculo deve durar até março de 2026

Apesar da leitura do requerimento nesta terça (17), a instalação da CPMI deve ficar para agosto, após o São João e o recesso de julho. Serão 180 dias de funcionamento, com possível prorrogação por mais 90 dias — tempo suficiente para gerar impactos nas eleições estaduais e presidenciais de 2026 e tensionar a agenda legislativa.

O colegiado terá 15 senadores e 15 deputados, além dos respectivos suplentes. Nos bastidores, líderes avaliam que a comissão servirá de palanque para os dois campos em disputa: o lulismo no poder e o bolsonarismo acuado, mas ainda presente nas redes e alguns regiões abaixo do Trópico de Capricórnio.

Enquanto isso, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF) seguem investigações paralelas sobre os mesmos fatos, em cooperação com o Ministério da Previdência. A CPMI, portanto, será mais um cenário de disputa simbólica e política do que propriamente técnica.


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Portanto, com Aziz na presidência e a relatoria na mira da base, a CPMI do INSS pode se transformar em novo palco de disputa entre Lula e Bolsonaro. O governo joga para inverter a narrativa e transferir o desgaste dos escândalos previdenciários para o passado recente. No xadrez do poder, até uma comissão pode ser usada como peça de xeque.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

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