Marcos de Oliveira: Taxar super-ricos não levará a fuga

Taxar super-ricos não levará a fuga

Ameaça sempre é lembrada quando se propõe taxar super-ricos, mas isso não ocorreu nos países que implementaram

Por Marcos de Oliveira, no Monitor Mercantil

A taxação dos super-ricos proposta pelo Brasil avança no G20.

A ideia é tributar em no mínimo 2% as 3 mil pessoas no planeta com patrimônio acima de US$ 1 bilhão.  Isso permitiria gerar US$ 250 bilhões.

Os super-ricos representam apenas 0,0001% da população mundial, mas controlam US$ 14,2 trilhões.

Um estudo publicado nesta segunda-feira pela Tax Justice Network afirma que o impacto de um imposto sobre os super-ricos pode ser bem superior e chegar a US$ 2,1 trilhões por ano, atingindo 0,5% das famílias mais ricas com uma alíquota de 1,7% a 3,5%.

Diante de propostas como essas, representantes dos super-ricos sempre ameaçam com uma fuga do país. Mas não é o que acontece na prática.

O estudo da Tax Justice Network documenta que reformas tributárias anteriores voltadas para os super-ricos não resultaram na mudança para outros países, apesar das manchetes da mídia alegando o contrário.

Apenas 0,01% das famílias mais ricas se mudaram após a implementação de reformas tributárias sobre a riqueza na Noruega, Suécia e Dinamarca.

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Um estudo no Reino Unido prevê que as reformas no status de não domiciliado resultariam em uma taxa de migração de 0,02% a, no máximo, 3,2%.

A Tax Justice Network argumenta que a raiz do problema é o tratamento desigual da riqueza acumulada e da riqueza gerada.

A riqueza acumulada geralmente cresce mais rápido do que a riqueza gerada.

Atualmente, apenas metade da riqueza criada globalmente a cada ano vai para pessoas que ganham a vida trabalhando – o restante é acumulado na forma de aluguéis, juros, dividendos e ganhos de capital.

Mark Bou Mansour, chefe de comunicações da ONG, explica que as regras fiscais vigentes na maioria dos países facilitam mais a acumulação de riqueza para os super-ricos do que para o resto da população.

“Salários não fazem bilionários, dividendos e aluguéis sim. Mas tributamos dividendos e aluguéis muito menos do que tributamos salários, e isso está desestabilizando o modelo em que nossas economias se baseiam”, complementa.

Embora os super-ricos possam trabalhar e ter empregos, virtualmente toda a sua riqueza vem da posse de impérios empresariais e imobiliários, e não do trabalho nesses impérios.

Três dos cinco homens mais ricos na lista de bilionários da Forbes 2024 recebem salários de US$ 1: Elon Musk, Mark Zuckerberg e Larry Ellison.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Publicação de: Viomundo

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Colaborador Convidado

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