Marcelo Zero: Impossível dissociar os repetidos ataques às escolas da ascensão da extrema direita

Da Redação

Nove dias após o assassinato da professora Bete — Elizabeth Tenreiro, 71 anos — dentro de uma sala de aula na cidade de São Paulo, um novo ataque à escola choca o país.

Nessa quarta-feira, 05/04, um homem invadiu uma creche em Santa Catarina, agrediu as crianças com uma machadinha.

Quatro morreram. Tinham 4, 5 e 7 anos de idade.  Cinco ficaram feridas. Um suspeito se entregou à Polícia Militar e foi preso.

”Não há como dissociar os reiterados ataques às escolas, algo que inexistia há poucos anos, da ascensão da extrema direita no Brasil”, observa o sociólogo Marcelo Zero em comentário enviado por whatsapp.

Marcelo prossegue a análise:

”A disseminação do discurso de ódio, da intolerância, do medo ao diferente, do culto às armas e à violência etc. tem relação com esses atos aparentemente aleatórios.

Mas não é apenas isso.

A ascensão do bolsonarismo também introduziu no país a desconfiança e até o ódio em relação às escolas e às universidades, entendidas como locais nos quais se disseminariam valores “comunistas” e “globalistas”, contrários à família, à fé cristã, à Pátria etc.

Não à toa, um dos principais alvos desse fascismo tupiniquim é Paulo Freire, pedagogo crítico e libertador.

A escola deixou de ser um santuário da razão e da tolerância e passou a ser objeto da fúria de mentecaptos toscos e intolerantes.

Professores passaram a sofrer todo tipo de assédio e foram vigiados pelos macartistas de plantão.

Exigiu-se, aos berros, a “escola sem partido” e a “limpeza” das universidades.

Ademais desse ataque à educação, nosso fascismo, como todo fascismo lato sensu, é antiintelectual e anticultural.

Não aceita a razão crítica, a razão substantiva, e só se submete à razão instrumental, da qual, diga-se de passagem, a reforma do ensino médio é amplamente caudatária.

Temos um desafio gigantesco à frente”

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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