Lava Jato desmorona: juiz se afasta e Youssef pede anulação

Suspeição, grampos e bomba jurídica: Lava Jato balança

O cerco jurídico e político sobre os escombros da Lava Jato voltou a se fechar nesta semana. O juiz federal Danilo Pereira Júnior, da 13ª Vara Federal de Curitiba, declarou sua suspeição por foro íntimo e se afastou oficialmente dos processos relacionados à operação. A decisão foi publicada na tarde de segunda-feira (24) e atinge todos os casos conexos em tramitação.

O magistrado, que havia sido convocado em 2024 para auxiliar a presidência do TRF-4, retorna à sua função de origem, mas evita seguir nos casos emblemáticos que colocaram Curitiba no epicentro da política e do Judiciário nos últimos dez anos.

Enquanto isso, do lado dos réus, um dos rostos mais simbólicos da Lava Jato tenta aproveitar o enfraquecimento institucional da operação. A defesa do doleiro Alberto Youssef protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido formal para anular todas as suas condenações ligadas à Lava Jato.

Com o afastamento de Danilo Pereira Júnior, o caso Youssef está nas mãos do juiz substituto da 13ª Vara Federal de Curitiba, Guilherme Roman Borges.

O pivô dos escândalos tenta reescrever seu capítulo judicial

Na petição, os advogados de Youssef sustentam que ele foi alvo de uma atuação parcial do então juiz Sergio Moro, com “motivações políticas e interesses pessoais”. O documento reforça que o próprio Moro, em 2010, já havia se declarado suspeito para julgar o doleiro no caso Banestado, mas depois voltou atrás, supostamente movido por interesses momentâneos da força-tarefa.

Além disso, a defesa resgata o episódio dos grampos ilegais instalados dentro da cela de Youssef na sede da Polícia Federal em Curitiba — tema que voltou aos holofotes após as revelações da Operação Spoofing, que expôs as mensagens trocadas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Moro.

“O grampo ilegal instalado na cela de Alberto Youssef deve ser interpretado à luz das mensagens reveladas na Operação Spoofing, que evidenciaram conluio entre o ex-juiz e membros do MPF”, afirmaram os advogados.

A estratégia jurídica busca anular as sentenças sem afetar o acordo de delação premiada firmado por Youssef, que, na prática, serviu como principal combustível para as prisões e condenações de nomes ligados ao PT e ao governo Lula, entre eles José Dirceu, Antonio Palocci e Guido Mantega.

Bastidores: Lava Jato em ruínas

O cenário na 13ª Vara Federal de Curitiba, por onde já passaram Sergio Moro, Gabriela Hardt e Eduardo Appio, é comparável a uma bomba de alto impacto jurídico e institucional.

Um advogado que acompanha os casos da Lava Jato afirmou ao Blog do Esmael que “Curitiba virou uma Guantánamo jurídica”, em alusão à dureza das decisões da 13ª Vara. “Esse pedido de Youssef tem o potencial de fazer ‘cair tudo’. É mais explosivo do que as bombas americanas que atingiram os bunkers iranianos nesta semana”, avaliou o causídico, que pediu para não ser identificado por atuar em processos relacionados.

O próprio ministro Gilmar Mendes, do STF, já havia classificado como “sistema paralelo” a estrutura criada na Justiça Federal paranaense, que, segundo ele, manipulava investigações e julgamentos sob o pretexto do combate à corrupção.

Projeção: efeito dominó à vista

O pedido de Youssef chega ao STF em um momento crítico. O ministro Dias Toffoli, relator do caso, vem anulando sentenças da Lava Jato e já reconheceu o conluio entre Moro e a força-tarefa em outros processos, como o que envolveu o ex-vice-presidente dos Correios, Nelson Luiz Oliveira de Freitas.

Nos bastidores de Brasília, cresce a percepção de que a ofensiva jurídica contra a Lava Jato pode ganhar força e atingir figuras centrais da operação, incluindo o próprio Sergio Moro, hoje senador e pré-candidato ao governo do Paraná pelo União Brasil.

A decisão do juiz Danilo Pereira Júnior de se afastar por foro íntimo apenas alimenta as especulações de que o desmonte da Lava Jato está longe de ser apenas simbólico — e que os próximos capítulos podem abalar de vez os alicerces da operação que dominou o noticiário político e jurídico do Brasil por quase uma década.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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