Jeferson Miola: Como fez com Pazuello, Exército protege coronel sabotador indicado para Comissão do TSE
Como fez com Pazuello, Exército protege coronel sabotador indicado para Comissão do TSE
Por Jeferson Miola, em seu blog
A reação do Exército ao afastamento do coronel bolsonarista e sabotador da eleição Ricardo Sant’Anna da Comissão de Transparência das Eleições do TSE é reveladora da atuação das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas como uma facção política armada.
Na nota oficial que chama de esclarecimento ao público interno [para os partidários?], o Exército mente que o TSE descredenciou o coronel sabotador baseando-se, apenas, em “apuração da imprensa”.
O Exército omite que o coronel afastado é um militante bolsonarista ativo nas redes sociais. Um ativista que se manifesta ferozmente contra o sistema de votação. Com seu currículo de militância política, aliás, o coronel já deveria ter sido expulso do Exército.
A despeito do comportamento ilegal e antiprofissional de Ricardo Sant’Anna, o Exército sustenta, no entanto, que o coronel “foi selecionado [para a Comissão do TSE] mercê de sua inequívoca capacitação técnico-científica e de seu desempenho profissional” [sic].
O Exército informa ainda que “tem consciência de suas atribuições e da isenta competência técnica, da dedicação e do comprometimento de seus profissionais” [sic]. E que “o trabalho da equipe das Forças Armadas [na Comissão], particularmente dos representantes do Exército Brasileiro, é eminentemente técnico e realizado de forma coletiva por seus integrantes, além de ser estritamente institucional”.
O coronel Ricardo Sant’anna providenciou o cancelamento imediato das suas contas nas redes sociais, onde contestava a urna eletrônica a partir da perspectiva bolsonarista.
Nas publicações dele que ficaram registradas, não se encontram argumentos que comprovem a “inequívoca capacitação técnico-científica” e tampouco a “isenta competência técnica” que o credenciariam para atuar na Comissão do TSE.
Seria tremendamente arrasador para a imagem da área de inteligência do Exército, além de prova de absoluta incompetência, desconhecer o ativismo político fervoroso do coronel Sant’Anna.
Portanto, fica em aberto a hipótese de que este militar bolsonarista, cuja prática era conhecida pelo “público interno” e seus comandantes políticos, foi deliberadamente designado pelo Comandante do Exército para sabotar o trabalho do TSE, avacalhar a eleição e amplificar o caos político e institucional.
Em maio de 2021 o general e ex-ministro da Morte Eduardo Pazuello participou com Bolsonaro de motociata fascista seguida de comício na cidade do Rio de Janeiro.
Uma transgressão de gravidade equivalente à transgressão cometida pelo coronel sabotador.
Apesar disso, no entanto, o então Comandante do Exército Paulo Sérgio de Oliveira, hoje o general-ministro da Defesa que se dedica a fustigar o TSE em tempo integral, não aplicou o regulamento e a Lei.
O general Paulo Sérgio fez pior: decretou sigilo de 100 anos do processo interno do Exército.
O tempo dirá quantos anos de sigilo o governo militar decretará para o processo interno do Exército que vai garantir a impunidade de mais este militar conspirador e sabotador da eleição.
Publicação de: Viomundo