Jeferson Miola: Candidatura de Flávio entrega a Tarcísio a chave do bolsonarismo sem Bolsonaro

Candidatura de Flávio entrega a Tarcísio a chave do bolsonarismo sem Bolsonaro

Por Jeferson Miola, em seu blog

A anistia –ou o indulto– é o único objetivo de Jair Bolsonaro na vida. O criminoso condenado a 27 anos e 3 meses de encarceramento esperneia desesperadamente em busca de uma maneira de escapar da condenação criminal para sair da prisão.

anistia é a pauta única imposta ao país pela extrema-direita desde a abertura das investigações de Bolsonaro e comparsas civis e fardados pela tentativa frustrada de golpe de Estado.

Lançada na Avenida Paulista em 25 de fevereiro de 2024, a pauta da anistia passou a dominar a agenda da Câmara dos Deputados desde então.

Bolsonaro sabe que a única maneira de obter sua impunidade é impedir que o presidente Lula seja reeleito. Flávio Bolsonaro assume isso com todas as letras: “não reeleger Lula é o que vai salvar o Brasil e vai salvar o meu pai da prisão”.

Com exceção de Eduardo Leite, os demais pré-candidatos de direita e extrema-direita –Zema, Caiado, Tarcísio, e Ratinho Jr.– já assumiram o indulto a Bolsonaro como primeiro ato de um eventual governo antidemocrático, ultraliberal e reacionário eleito em 2026.

A candidatura mais competitiva deste bloco anti-Lula e anti-democracia que é apoiado pela Faria Lima e por setores do establishment e da mídia hegemônica é a do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, que agiu para ser ungido por Bolsonaro.

De acordo com todas pesquisas de opinião, nenhum candidato com o sobrenome Bolsonaro conseguiria um desempenho eleitoral equivalente ou superior ao do Tarcísio.

Dentre os gângsteres do clã, a Michelle teria melhores expectativas eleitorais, ao passo que Flávio ficaria no mesmo patamar que Eduardo, cenário em que Lula o venceria com a maior vantagem percentual em todas simulações. E, assim como Flávio e Eduardo, Michelle também tem uma vidraça de proporções oceânicas.

Apoie o VIOMUNDO

A situação do Bolsonaro é paradoxal. Ele é essencial para aumentar as chances eleitorais de qualquer chapa anti-Lula. Nenhuma opção anti-Lula tem viabilidade eleitoral sem o apoio dele. No entanto, a presença do sobrenome Bolsonaro como vice do Tarcísio teria o efeito de uma âncora eleitoral que afundaria o candidato.

Com a condenação pela trama golpista e a prisão preventiva depois da tentativa bizarra de romper a tornozeleira eletrônica, Bolsonaro se desmoralizou e se descapitalizou muito politicamente.

A prisão definitiva do Bolsonaro não causou nenhuma comoção popular, como imaginavam os bolsonaristas. Ao contrário, a prisão foi normalizada e Bolsonaro é cada vez mais um personagem intranscendente, proscrito progressivamente do debate político nacional. Além disso, ele perdeu o timing das articulações políticas.

É neste contexto que Bolsonaro decidiu lançar a candidatura presidencial do seu filho Flávio, contrariando todas expectativas de que pudesse ungir Tarcísio.

Parece uma estratégia [errática] de tentar preservar a influência dele no tabuleiro de 2026 para garantir a centralidade da pauta da anistia na eleição. Flávio esclareceu que o “preço” para retirar sua candidatura e apoiar Tarcísio é o compromisso com a anistia ao pai criminoso.

Confiantes no poder de influenciar entre 25% e 28% do eleitorado, índices nada desprezíveis,  Bolsonaro e seus gângsteres-mirins jogam uma cartada definitiva, porém insuficiente para assegurar-lhes a conquista do objetivo vital, de anistia ou indulto para Bolsonaro e demais criminosos.

O ostracismo de Bolsonaro preso começa falar alto. O PP e o União Brasil, satélites do fascismo, por enquanto não aderiram à candidatura do Flávio. O Republicanos, partido do Tarcísio, não participou do jantar com Flávio para tratar do assunto.

Por isso, não surpreenderá quando Flávio renunciar à própria candidatura para apoiar alguma alternativa da aliança da direita com a extrema-direita para enfrentar Lula, numa espécie de rendição política.

Este movimento errático dos gângsteres Bolsonaro deve beneficiar Tarcísio, que ficará livre para ser, de fato, o candidato do bolsonarismo e dos extremismos ideológicos sem, contudo, a imposição de carregar o sobrenome maldito do Bolsonaro na campanha.

Bolsonaro pode estar entregando a Tarcísio a chave do bolsonarismo sem Bolsonaro, o que não deixa de ser um disfarce conveniente para o governador bolsonarista-raiz.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *