IOF: Haddad, Gleisi e Motta reabrem diálogo com Congresso
Uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republianos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), marcou o reinício do diálogo entre Executivo e Legislativo após a crise gerada pelo decreto do IOF. O encontro ocorreu na noite de terça-feira (8), na residência oficial da Câmara, e teve como objetivo preparar o terreno para a audiência de conciliação marcada pelo STF para 15 de julho.
Classificada como “boa” por Hugo Motta e pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), a reunião não selou um acordo imediato, mas abriu caminho para novas rodadas de negociação. Segundo Motta, o clima foi de retomada de pontes após o desgaste institucional causado pela suspensão simultânea dos decretos do presidente Lula (PT) e do Congresso, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Nos bastidores, a movimentação é lida como um gesto estratégico do governo para conter a narrativa de isolamento e reafirmar o compromisso com o diálogo institucional. Gleisi Hoffmann, em entrevista anterior ao Blog do Esmael, já havia alertado para os riscos de uma ruptura entre os Poderes e defendido a taxação dos super-ricos como caminho mais justo para o ajuste fiscal.
A crise se intensificou com a decisão do Congresso de derrubar o decreto presidencial que elevava o IOF sobre transações financeiras, medida que, segundo o governo, buscava corrigir distorções e ampliar a arrecadação em cerca de R$ 10 bilhões. A suspensão imposta por Moraes levou o Executivo a contingenciar parte do orçamento, escancarando quem paga a conta no Brasil: os trabalhadores e os mais pobres, enquanto os rentistas da Faria Lima seguem blindados pelo sistema.
Em meio à tensão, a AGU buscou reabrir canais com o Legislativo por meio de uma conversa informal entre Jorge Messias e Hugo Motta ainda em Lisboa. A agenda institucional ganhou novo fôlego com a reunião desta terça-feira, que buscou preparar um entendimento antes da audiência com Moraes.
Gleisi, que tem sido a principal articuladora do Planalto no Congresso, tem equilibrado pressão por justiça fiscal com um discurso de respeito institucional. Em declaração nas redes sociais, criticou o senador Ciro Nogueira (PP-PI) por propagar mentiras sobre o IOF e lembrou que a alíquota atual para transações internacionais é menor do que a vigente no governo Bolsonaro.
Nos últimos dias, a crise ganhou também contornos populares. Sátiras virais nas redes sociais apontam Hugo Motta como o “Hugo Não Se Importa”, acusando-o de blindar os bilionários e jogar a conta nas costas do povo. A ministra Gleisi desaprova ataques pessoais, mas reforça: “É o andar de cima que precisa contribuir”.
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O pano de fundo é a disputa entre duas visões de país: uma que defende cortes sobre os pobres para agradar o mercado, e outra que cobra mais dos super-ricos para preservar programas sociais. A audiência de conciliação no STF, portanto, é mais do que um encontro protocolar: é uma batalha simbólica sobre o modelo de país que sairá das urnas em 2026.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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Publicação de: Blog do Esmael