Hugo Souza: E quando empresas estratégicas para defesa do Brasil são pegas financiando trumpistas nos EUA?

Por exemplo: a Embraer, salva por Lula do tarifaço de Donald Trump, ajudou a financiar a ascensão política de Marco Rubio, secretário de Estado de Trump e arauto de Trump nos ataques a Moraes.

Por Hugo Souza, no Come Ananás

A Agência Pública mostrou nesta sexta-feira, 1º, que as empresas brasileiras Taurus, fabricante de armas, e Embraer, fabricante de aviões, que se descabelaram com o tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, vêm financiando políticos trumpistas nos EUA por meio de subsidiárias locais.

A Embraer acabou ficando de fora do tarifaço após atuação do governo Lula para este “livramento” em especial.

Quanto à Taurus, o tarifaço atingiu em cheio a empresa gaúcha. O “CEO” da fazedora de pistolas, Salesio Nuhs, sempre andou em chamegaços com Jair Bolsonaro e agora anda gritando na imprensa contra a “falta de habilidade” do governo Lula “em negociar essa situação com os EUA”.

Conforme a apuração da Pública, a Taurus doou US$ 25 mil a candidatos armamentistas nas eleições estadunidenses de 2024 e entre a miríade de políticos estadunidenses alinhados ao trumpismo em quem a Embraer vem há anos injetando dinheiro está ninguém menos que Marco Rubio.

Rubio é secretário de Estado de Trump e vem atuando como arauto de Trump nos ataques-sanções a Alexandre de Moraes e demais ministros do STF, menos Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados para o STF por Bolsonaro, e Luiz Fux, terrivelmente indicado por Dilma Rousseff.

A reportagem da Pública desnuda habilmente esta, digamos, contradição entre injetar dinheiro, investir na ascensão do trumpismo e chorar pitangas ou ser socorrido pelo governo Lula quando Trump ataca o Brasil taxando em 50% laranjas e carabinas, mangas e aviões.

A Taurus chegou a falar em deixar o Brasil. E para onde? Para os EUA.

Há, porém, uma nuance dessa história sobre a qual a Pública não se debruçou: é bom lembrar que tanto a Taurus quanto a Embraer são Empresas Estratégicas de Defesa (EED), ou seja, têm benefícios fiscais e prioridade em licitações e contratos com o Governo Federal, entre outras prerrogativas, porque são credenciadas no Ministério da Defesa como “essenciais para a preservação da segurança e defesa nacional contra ameaças externas”.

Apoie o VIOMUNDO

E quando duas EEDs – uma fabricante de fuzis de assalto, a outra de caças de combate – financiam alegremente a grande ameaça ao Brasil e ao mundo, o trumpismo, e uma delas chega a ameaçar, ela própria, “estratégica”, ir embora do país para o país do agente do caos?

Com a palavra, José Múcio Monteiro. Lembra dele? Ministro da Defesa do Brasil e testemunha de defesa arrolada por réus da ação penal do golpe de Estado, o que é quase tão inglório que um ministro do STF, com seus pares sob ataque, ser terrivelmente poupado pelo agente laranja.

*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *