Governo entupirá direita de cargos
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, anunciou, nesta sexta-feira, que o governo federal vai criar uma “força-tarefa permanente” com o objetivo de acelerar a análise técnica de nomeações para ministérios. Segundo ele, há 403 currículos apresentados por parlamentares para assumirem cargos nas pastas, mas que estão travados.
Padilha afirmou ainda que os ministérios vão mapear quais parlamentares foram atendidos semanalmente e enviar as informações à SRI. O ministro disse que vai se reunir, nos próximos dias, com lideranças do União Brasil para discutir a possível troca da ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Ele nega, porém, que haverá mudanças por motivos partidários no Ministério da Saúde.
“A partir dessa reunião (ministerial, ocorrida na quinta-feira), constituímos uma força-tarefa permanente junto aos ministérios. Decisão do presidente Lula para acelerar a análise técnica pelos ministérios para a composição do governo”, relatou Padilha, na celebração do Dia da Marinha, realizada pelo Ministério da Defesa. “Além disso, tomamos a decisão, também anunciada na reunião de ontem (quinta), que, semanalmente, os ministros, as ministras e os assessores parlamentares vão passar um mapa dos parlamentares atendidos pelos ministérios. Seja pelos ministros, seja secretários nacionais, ou pelas suas equipes”, complementou.
Padilha cobrou, na reunião ministerial, que os titulares de pastas tenham uma relação mais próxima com o Congresso Nacional e que destravem as indicações para cargos de segundo e terceiro escalões. Deputados e senadores vêm reclamando que não são incluídos em viagens oficiais, por exemplo. O entrave na relação é apontado como um dos motivos que dificultam a formação da base governista no Legislativo.
Sobre a possível saída da ministra Daniela Carneiro, por pressão do União Brasil, Padilha disse que considera a troca natural. O partido pede uma reformulação de suas cadeiras na Esplanada, destinadas durante a composição do governo. A titular do Turismo, que atualmente é filiada à legenda, busca autorização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para sair da sigla sem perder o mandato de deputada federal. Ela deve ir para o Republicanos.
Padilha destacou que se reunirá “nos próximos dias” com lideranças do União Brasil para discutir a troca e para ouvir a proposta do partido. Já sobre o Ministério da Saúde, chefiado por Nísia Trindade — mas cobiçado por integrantes do PP e aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —, Padilha descartou que a pasta entre nas mudanças pela composição partidária. “Não está em discussão, em relação ao Ministério da Saúde, a composição partidária. Têm outros ministérios que foram discutidos, o que é parte da democracia, se faz na democracia. O ministério do Turismo é um exemplo disso”, enfatizou. Ele ressaltou, porém, que a Saúde é uma pasta técnica.
O titular das Relações Institucionais comentou, ainda, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques terroristas de 8 de janeiro. Para o ministro, a semana que vem terá eventos importantes para a apuração, como a oitiva do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, marcada para terça-feira. Vasques é suspeito de ter organizado blitz no Nordeste para tentar impedir que eleitores de Lula chegassem às urnas no segundo turno das eleições.
“A cada dia fica mais explícito que existia, no governo Bolsonaro, uma organização criminosa que, desde o dia da eleição, estava planejando, preparando os atos terroristas do dia 8 de janeiro”, comentou Padilha. “Qualquer servidor federal, civil ou militar, que for provado envolvido na preparação, no planejamento dos atos do dia 8 de janeiro tem de ser punido e afastado de qualquer espaço de direção”, completou.
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