Gleisi confirma que Lula prioriza fim da escala 6×1
O presidente Lula decide enfrentar uma das heranças mais cruéis do regime trabalhista brasileiro: a jornada 6×1. No pronunciamento em cadeia nacional na véspera do Dia do Trabalhador, o petista afirmou que o Brasil precisa dar esse passo, abrindo diálogo com todos os setores da sociedade. A promessa, até então simbólica, ganhou corpo neste domingo (4) com a ministra Gleisi Hoffmann.
Gleisi reforça compromisso e joga holofote sobre o Congresso
Pelas redes sociais, a ministra das Relações Institucionais — responsável pela articulação política do governo Lula — elevou o tom:
“A redução da jornada dos trabalhadores e trabalhadoras será uma de nossas prioridades junto ao Congresso Nacional”.
Segundo Gleisi, a discussão sobre o fim da escala 6×1 vai tramitar pelas comissões do Legislativo, com foco no diálogo com todos os setores impactados.
“Com diálogo e decisão política, é possível avançar sim”, garantiu a ministra, apontando os benefícios sociais e econômicos de uma jornada mais humana.
O governo, portanto, oficializa que a flexibilização das relações de trabalho não será uma via de mão única para o capital. Ao contrário: sinaliza que os direitos trabalhistas voltarão ao centro da política pública.
Movimento popular pauta o Planalto: “Vida Além do Trabalho”
O tema da jornada de trabalho não emergiu apenas de gabinetes em Brasília. Ganhou força nas redes sociais a partir da atuação do influenciador Rick Azevedo, criador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT). Com linguagem acessível e mobilização online, o movimento foi decisivo na construção da PEC 8/2025, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP).
A proposta busca reduzir a jornada semanal de 44 para 36 horas, sem perda de salário. A medida é inspirada em experiências internacionais e pesquisas que associam jornadas mais curtas à melhoria da produtividade e da saúde mental.
Fim da jornada 6×1: o que está em jogo
A escala 6×1 — seis dias consecutivos de trabalho por um único dia de descanso — atinge principalmente trabalhadores do comércio, serviços e indústria, especialmente em jornadas extenuantes. Críticos afirmam que a lógica do 6×1 é incompatível com o século XXI e favorece o adoecimento físico e psicológico.
Ao abraçar essa agenda, Lula busca reconectar-se com as bases trabalhadoras que o elegeram, em meio à pressão por entregas sociais em um segundo mandato marcado por tensionamentos com a extrema direita.
Rumo ao Congresso: PEC será termômetro político
A proposta de Erika Hilton será o primeiro grande teste de articulação do governo Lula no segundo semestre. Caso avance, pode consolidar uma nova agenda trabalhista no país, recuperando protagonismo perdido desde a reforma de Michel Temer — que flexibilizou regras sem gerar os empregos prometidos.
Além disso, o tema coloca em xeque candidatos e partidos de centro-direita que, embora moderados no discurso, se alinham com setores patronais contrários à redução de jornada.
O que o Blog do Esmael pensa
Lula abre nova frente no embate simbólico entre capital e trabalho. O fim da jornada 6×1, mais que uma pauta sindical, tornou-se bandeira popular graças à pressão da sociedade civil. Gleisi Hoffmann, ao vocalizar a prioridade no Congresso, indica que o Planalto topa o confronto. O resultado será um marcador de rumo político para 2025 — e talvez para 2026.
Se o projeto andar, o governo terá dado um passo robusto em direção a uma sociedade menos exaustiva. Mas se travar, a conta será cobrada nas urnas.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael