Gleisi condena massacre no Rio e cobra inteligência no combate ao crime

A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, classificou como “cena de horror” a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos e expôs, segundo ela, a falência de um modelo de segurança pública baseado no confronto e não na inteligência.

A responsável pela articulação política do governo participou de reunião emergencial no Palácio do Planalto com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para avaliar o caso.

Durante entrevista à GloboNews, Gleisi afirmou que o Governo Federal não foi informado previamente da operação e que o governador Cláudio Castro, do PL, reconheceu em ligação que não pediu ajuda nem comunicou o Executivo.

“Nós não fomos avisados, não houve pedido de apoio. A Polícia Federal soube informalmente e achou que a ação não era razoável”, relatou.

A ministra questionou a eficácia da operação e pediu transparência sobre seus objetivos:

“Precisamos saber o que ela desmantelou de fato. Quais foram as cabeças do Comando Vermelho presas? Que recursos financeiros foram bloqueados? Porque só matar não resolve, os mortos são facilmente substituídos pelo crime organizado.”

Segundo Gleisi, o presidente Lula ficou surpreso com a dimensão da operação e determinou o envio do diretor-geral da Polícia Federal ao Rio para reforçar a presença federal.

Ela destacou que a União já atua no estado por meio da operação Carbono Oculto, que combate o crime financeiro e a máfia dos combustíveis, e que será reforçada nos próximos dias.

Gleisi defendeu a aprovação da PEC da Segurança Pública, que integra as polícias civil, militar e federal em planejamento conjunto.

“O que falta é inteligência e coordenação. As forças precisam trabalhar juntas, não cada uma por conta própria. A PEC permite isso, mas muitos governadores resistem”, disse ela.

Questionada sobre eventual decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Gleisi explicou que o tema não foi debatido em profundidade e lembrou que cabe ao estado solicitar.

“A GLO significa que a União assume o comando da segurança. Isso só ocorre quando o governo estadual reconhece que perdeu o controle, o que não aconteceu”, afirmou a ministra.

Ela também lembrou que o Rio já viveu intervenções federais, como a de 2018, sob Braga Netto, “com tanques nos morros”, sem resultados duradouros.

“O crime tem que ser combatido, o presidente Lula foi firme nisso, mas com inteligência, com estrangulamento financeiro e não só com balas”, resumiu Gleisi.

A ministra reforçou que o Governo Federal está comprometido em apoiar o Rio, mas dentro da legalidade e do respeito aos direitos humanos.

“Política de segurança não é autorização para matar pobre e preto. Precisamos cortar o fluxo de dinheiro das organizações, não o sangue do povo”, concluiu a responsável pela articulação política do Palácio.

A fala de Gleisi Hoffmann recoloca a política de segurança no centro do debate nacional.

O massacre no Rio, o mais letal desde o Carandiru, exige investigação rigorosa e coordenação entre os entes federados.

Portanto, sem inteligência e controle civil, a segurança pública continuará sendo tragédia anunciada.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *