G20 no Rio: Segurança, polêmicas e diplomacia
O Rio de Janeiro se prepara para sediar a Cúpula dos Líderes do G20 nos dias 18 e 19 de novembro, reunindo 55 delegações de 40 países e 15 organismos internacionais. Entre os líderes confirmados estão os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping.
A cidade vive um esquema de segurança sem precedentes. Com 26 mil agentes de nove órgãos diferentes e oito centros de inteligência interligados, o objetivo é garantir a segurança dos chefes de Estado e minimizar transtornos para a população. As Forças Armadas terão papel fundamental, atuando desde a escolta de autoridades até ações de contraterrorismo.
As exigências das delegações estrangeiras têm sido um desafio à parte. A comitiva de Biden trouxe galões de água e comida próprios, além de helicópteros e veículos blindados. Já a equipe de Xi Jinping solicitou a varredura completa dos 400 quartos do hotel onde ficará hospedado e a restrição da praia próxima exclusivamente para a delegação chinesa. Fuzileiros navais e atiradores de elite serão posicionados para garantir a segurança do líder chinês.
Nos bastidores diplomáticos, a Argentina, sob o governo de Javier Milei, ameaça barrar menções à taxação dos super-ricos no documento final do G20. Milei, conhecido por suas posições ultraliberais e negacionismo climático, também resiste a referências sobre igualdade de gênero e políticas ambientais. Essa postura contraria diretamente os esforços do Brasil, que tem como prioridade o combate à fome, à desigualdade e às mudanças climáticas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância de tributar os super-ricos, afirmando que uma alíquota de 2% poderia resolver os problemas de 350 milhões de famílias ao redor do mundo. Essa proposta é parte central da agenda brasileira para o G20, visando fortalecer o discurso de justiça fiscal e social.
Paralelamente à cúpula, o Rio será palco de eventos culturais e sociais. O Aliança Global Festival, com shows gratuitos na Praça Mauá, reunirá nomes como Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira e Seu Jorge. Além disso, o G20 Social e o Urban 20 promoverão debates sobre temas como combate à fome, desigualdade, mudanças climáticas e governança global.
A população carioca enfrenta um megaferiado, com alterações no funcionamento de escolas, bancos e serviços públicos. O Aeroporto Santos Dumont terá voos comerciais suspensos, e diversas ruas serão interditadas. Enquanto alguns comemoram a folga prolongada, outros se preocupam com os transtornos e a mobilidade na cidade.
O presidente Lula busca aproveitar a presidência brasileira do G20 para promover mudanças significativas na governança global. Em discursos recentes, ministros têm criticado a atual estrutura da ONU e defendido a necessidade de uma nova ordem mundial que represente melhor os países emergentes e promova a paz.
A cúpula do G20 no Rio não é apenas um encontro de líderes mundiais; é um palco onde questões cruciais para o futuro global serão debatidas. Segurança reforçada, polêmicas diplomáticas e grandes expectativas marcam os dias que antecedem o evento. Resta saber se, diante de tantos desafios, os líderes conseguirão avançar em acordos que beneficiem não apenas suas nações, mas o mundo como um todo. A conferir.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael